Dançando com um Fantasma

8 min

An old dance hall bathed in moonlight, where faint music seems to linger in the air.

Sobre a História: Dançando com um Fantasma é um Histórias de Lendas de united-states ambientado no Histórias Contemporâneas. Este conto Histórias Descritivas explora temas de Histórias de Romance e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Divertidas perspectivas. Uma lenda assustadora americana sobre uma dança solitária, na qual um homem waltzava com uma mulher espectral e descobriu seu destino trágico.

Introdução

Michael Moreau nunca esperou dançar ao luar em um chão de madeira vazio. Mas quando um outdoor desbotado na periferia de Hurston, Ohio, anunciava “Música ao Vivo Hoje à Noite”, ele sentiu um ímã curioso. Ele estacionou o carro sob um carvalho ancestral, cujos galhos retorcidos arranhavam o céu, e depois caminhou pelo pavimento rachado coberto de folhas secas. A placa de néon do salão, gasta e tremeluzente, exibia “Club Evergreen”, fazendo as paredes de tijolos descascados vibrarem. Lá dentro, uma única lâmpada balançava, revelando cadeiras empoeiradas empilhadas como sentinelas silenciosas. Um piano surrado repousava num canto, suas teclas amareladas e desgastadas. Um ventilador elétrico zumbia baixinho, agitando partículas no ar viciado. Então, ao pisar no salão, ele ouviu música — lenta, suave, incrivelmente nítida. A melodia era tão elegante que parecia ecoar ali todas as noites há um século. Foi então que ele a viu: uma mulher vestida com um traje fluido que se arrastava como névoa, sua forma quase etérea sob o brilho pálido. Os olhos dela encontraram os dele, e ela inclinou ligeiramente a cabeça. Sem pensar, Michael estendeu a mão. Ela colocou a sua na palma dele, quente como porcelana. Ele sentiu o mundo oscilar ao segui-la numa valsa irrecusável. Cada passo ressoava pelas tábuas do chão, abandonadas há tempos. O ar trazia o gosto de rosas antigas e arrependimento. Ele sentia o perfume de lavanda e terra fria. Um pesar tão profundo o enraizava ao lugar, mas ele não conseguia se soltar. A risada dela ecoava em torno de seu coração, chamando-o para dentro de uma memória que não era sua. Ao girarem, o salão pareceu se encher de testemunhas invisíveis — formas silenciosas além do alcance da luz das velas. A respiração de Michael ficava ofegante, e ele se perguntava como um lugar tão morto podia pulsar com tanta vida. Aquilo era mais que uma dança: era um convite para desvendar um passado repleto de histórias, eternamente ligado àquelas paredes.

O Primeiro Encontro

O coração de Michael retumbava enquanto ele tentava identificar a música que ouvira. Ela o fazia lembrar dos discos de vinil que tocavam na casa de seus avós, uma valsa de salão lenta cujo nome escapava-lhe. Ele vasculhou a escuridão profunda, esperando encontrar um velho fonógrafo ou uma jukebox escondida atrás de cortinas esfarrapadas. Mas nada desse tipo estava naquele espaço cavernoso — apenas velas tremeluzindo em castiçais envelhecidos, suas chamas firmes na brisa suave. A cada nota, o piso sob seus sapatos vibrava como se estivesse vivo. Ele sussurrou:

— Quem está aí?

E a melodia parou. As velas minguaram até quase se apagar.

Uma voz suave respondeu:

— Esperei tanto tempo.

Um homem abraça uma mulher translúcida em uma pista de dança pouco iluminada.
No instante em que Mike dançou pela primeira vez com uma figura que brilhava como fumaça, cuja silhueta era ao mesmo tempo bela e inquietante.

Ele se virou e a encontrou no fundo do salão. Seu vestido, da cor da neve iluminada pela lua, flutuava em volta de seus tornozelos como névoa pálida. Ali estava uma mulher tão real quanto qualquer outra que ele conhecera, salvo pela maneira como seus pés jamais arrepiavam o pó. Com um gesto delicado, ela ergueu uma mão esguia, chamando-o para mais perto. Por motivos que ele não saberia explicar — perigo, curiosidade, desejo — ele obedeceu. Seus primeiros passos foram hesitantes, mas, quando a música recomeçou, sincronizaram-se com uma graça impressionante. Ele sentiu a palma dela contra a sua, fria e convidativa, e, enquanto giravam, percebeu uma lágrima cintilar em sua face como uma estrela cadente. Mil perguntas passaram pela sua mente: seria ela uma dançarina perdida no tempo? Um espírito aprisionado pela dor? Mas, no instante em que olhou em seus olhos, isso deixou de importar. Ela guiou sua mão até sua cintura, e ele a conduziu em troca. Histórias se desdobravam em cada volta — o eco de uma canção desconhecida, a aflição de um adeus não pronunciado. Quando a melodia se intensificou, as próprias paredes pareciam pulsar com memórias. Michael ousou perguntar:

— Por que dança sozinha?

As velas vacilaram e projetaram sua sombra num círculo eterno ao redor deles.

— Dançarei até que alguém lembre de mim — ela sussurrou.

Segredos nas Sombras

Determinado a descobrir sua história, Michael passou os dias seguintes rastreando sussurros pela cidade. Ele vasculhou jornais amarelados na Biblioteca Pública de Hurston, examinando fotografias granuladas do Club Evergreen em seu auge. Num dos registros, uma jovem vestida num vestido de cetim branco rodopiava sob lustres cintilantes. A legenda dizia: Mary Prescott, campeã do Baile de Outono de 1952, vítima de tragédia. Ele encontrou um obituário que descrevia um acidente fatal — seu carro derrapou numa estrada escorregadia pela chuva, e seu corpo foi levado pelo rio. Todos lamentavam sua graça na pista de dança, diziam, mas ninguém mencionava o anel que ela usava — uma aliança fina gravada com a letra “M”.

Antiga sepultura marcada por uma impressão fantasmagórica e lírios frescos ao entardecer
A sepultura de Mary Prescott ao entardecer, onde flores encharcadas de orvalho e pegadas fantasmas surgem.

Em seguida, ele visitou a sociedade histórica local. Um voluntário idoso conduziu-o até uma vitrine repleta de troféus opacos e programas frágeis. Apontou para um prêmio: “Melhor Dupla de Dança”. Abaixo, repousava uma carta dobrada entregue a Mary poucos dias antes de sua morte, sem assinatura, mas que declarava um amor eterno. Um arrepio percorreu o corpo de Michael. Se o espírito de Mary assombrava aquelas tábuas, não era apenas pela paixão da valsa. Era por aquela carta de amor, por uma promessa nunca cumprida.

Ele dirigiu até o cemitério ao anoitecer, sob um céu de horizonte roxo. Encontrou sua sepultura marcada por uma lápide desgastada e um único lírio colocado por um visitante anônimo. Na base, o chão estava úmido de orvalho e coberto por minúsculas pegadas — como a impressão de um fantasma que vagueia à noite. Michael se ajoelhou, passou o dedo trêmulo pelas inscrições e sussurrou:

— Mary Prescott, eu me lembro de você.

Uma brisa suave agitou os lírios, e ele sentiu sua presença tão real quanto qualquer sopro de vida. Ao partir, as lanternas ao longo do caminho brilharam com mais intensidade, como em sinal de aprovação.

A Valsa da Meia-Noite

Naquela noite, Michael voltou ao Club Evergreen com determinação. Levava consigo uma lanterna, um pequeno buquê de lírios e a carta de amor que encontrara. O salão parecia inalterado, intemporal em seu silêncio. Ele colocou as flores no centro do piso e desdobrou a carta. Sob o brilho vacilante da lanterna, as palavras tremiam como um coração pulsando: “Encontre-me à meia-noite sob suas estrelas favoritas. Eu te abraçarei uma última vez.” Ele guardou o papel e esperou. Instantes depois, a música recomeçou — lenta, dilacerante, de uma beleza pungente.

Um homem segurando uma mulher fantasmagórica que está desaparecendo, enquanto a luz de uma vela pisca ao redor deles.
Michael e Mary trocam um último abraço antes que seu espírito se dissolva na poeira iluminada pela lua.

Ela emergiu das sombras, o olhar suave e esperançoso. Michael apertou a carta contra o peito.

— Mary — disse ele, a voz embargada.

Ela estendeu a mão e veio até ele sem emitir som. Enquanto retomavam a valsa, pétalas dos lírios flutuaram ao redor deles como neve. Ele leu a carta em voz baixa, cada linha ressoando no ar pesado de pó. Ela o escutava, lágrimas brilhando em seus olhos espectrais. Michael sentiu o peso de décadas se dissolver dos ombros dela no instante em que pronunciou seu nome.

Lá fora, a lua subiu mais alto, inundando o salão com luz prateada. O ar permaneceu imóvel além do alcance da lanterna, e cada rangido do piso soou como uma salva de palmas. Ao proferir a última frase — “Para sempre seu, M.” — Mary fechou os olhos e encostou a testa em sua bochecha. Michael a manteve firme naquele abraço atemporal. Então, ela sorriu, um suave alívio na dor, e começou a desaparecer. As pétalas rodopiaram para cima, embaladas por uma brisa imperceptível, e nos últimos compassos da valsa, ela se foi. A música desvaneceu-se no silêncio, deixando Michael sozinho com o eco da memória e uma pétala de lírio aos seus pés.

Conclusão

Michael permaneceu em silêncio muito depois que a última vela se apagou. O buquê de lírios jazia intocado no centro do palco, suas pétalas agora poluídas pela poeira do chão. Ele fechou os olhos e sentiu um misto de alívio e melancolia — libertara Mary de sua dança sem fim e levara sua história ao mundo dos vivos. Ao se virar para ir embora, um raio de luar atravessou uma janela quebrada, iluminando a carta de amor e as duas discretas pegadas lado a lado. Ele sabia que o salão jamais seria o mesmo; a presença dela o reformulou, tecendo memórias em cada tábua e viga.

Nos dias que se seguiram, os moradores ousaram atravessar aquelas antigas portas, atraídos pela narrativa que Michael compartilhara. Traziam flores frescas, varriam o chão e se pegavam a cantarolar a valsa que assombrava aquelas paredes. A lenda de Mary Prescott espalhou-se além de Hurston, viajando em sussurros e histórias ao redor de fogueiras em cidades distantes. Turistas chegavam à meia-noite, em busca de vislumbres de sombras dançantes. Mas Michael guardava a lembrança mais verdadeira em seu coração: a compreensão agridoce de um amor que persiste além da morte e o consolo de que, às vezes, uma única dança é capaz de curar uma alma. Cada vez que passava pelo Club Evergreen, espiava por suas frestas e sorria, sabendo que, em algum ponto daquele brilho pálido, o espírito de Mary finalmente dançava livre. Ele não deixava para trás o medo — apenas a admiração renovada pelo poder da memória, a resistência da devoção e a forma como um momento compartilhado ao luar pode durar pela eternidade.

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