Introdução
Em uma estreita viela de paralelepípedos, em um modesto bairro de Copenhague, o mundo parecia tão frio e implacável quanto o ferro. Lanternas a gás tremeluziam com luz hesitante e flocos de neve deslizavam silenciosos por becos desprovidos de risos. Famílias se reuniam atrás de janelas embaçadas, seus lareiras brilhando em tons dourados, e pelos seus lares quentes escoavam aromas de carnes assadas e pãezinhos doces, flutuando tentadoramente pelo ar gelado da noite. Mas a pequena vendedora de fósforos, com seu xale de lã gasto e os dedos dos pés dormentes devido ao frio cortante, não tinha convite para entrar. Segurando uma pequena bandeja de madeira, ela carregava seus preciosos fósforos — sua última esperança de um instante de refúgio — por uma cidade silenciosa que mal notava sua passagem. Ela não ousava seguir a rua principal, onde a agitação da celebração poderia espantar qualquer mão compassiva. Em vez disso, esgueirou-se para um canto sombreado, junto a um baixo muro de pedras, o vapor de sua respiração turvando o luar enquanto cada batida do coração ressoava como o toque de um sino. Desesperada por conforto, recordou o suave sorriso da avó, o único calor que sempre a alcançara na escuridão. Com dedos trêmulos, riscou um fósforo na caixa. A fagulha sibilou, desabrochando como um pequeno sol em sua palma, e, por um instante fugaz, ela deixou de estar sozinha no frio. A chama dançou e tremeluz, e em seu abraço ela vislumbrou um mundo mais gentil — um mundo que perseguiria fósforo a fósforo até que o último braseiro se apagasse.
Uma Caçada Silenciosa pelas Ruas Geladas
Ela seguiu adiante, frágil como a geada nos vidros, cada passo amorteceido pela neve recém-caída. Sob o fraco brilho de um lampião, sua bandeja tilintava com os últimos fósforos. Os moradores haviam-se recolhido atrás de portas robustas, suas festividades escondidas além de dobradiças trancadas e cortinas douradas. Um relógio distante bateu dez horas; cada badalada ecoava a fome oca da menina — fome de alimento e de bondade. Seu xale pendia frouxo, deixando à mostra braços pálidos como porcelana. Vendedores ambulantes já haviam partido, e no mercado com as janelas fechadas um barril meio cheio de laranjas reluzentes jazia abandonado, a casca ainda doce — por um breve instante ela imaginou enfiar a mão e sentir o calor cítrico, mas a lembrança brilhou como um leque de faíscas e logo se desfez.

A aflição a levou a um canto frio, sob um beiral saliente. Puxou outro fósforo do estojo e riscou-o no tijolo áspero. A chama irrompeu em um halo trêmulo que afastou a escuridão. No estreito feixe de luz, ela viu a porta de uma padaria escancarada: um ar quente, tão reconfortante quanto o abraço de uma mãe, trazia o cheiro de pão escuro e doces melados. Ela estendeu a mão, o fósforo iluminando um pão reluzente sobre uma assadeira. Seus lábios tremeram; por um instante quase pôde saborear a crosta quente e a manteiga derretendo. Então a chama vacilou e se apagou, restando apenas o brilho pálido da neve à luz da lua.
Outro fósforo — suas mãos dormentes — ela riscou com desespero. A chama olhou-a de volta e, de repente, ela se viu num salão suntuoso, diante de uma mesa abarrotada de ensopado fumegante, brasas cintilando numa lareira tão vasta que parecia pulsar com vida própria. Guirlandas de pinho perfumado ornavam o amplo mármore da lareira, e uma família nobre ria ao redor do banquete, suas vozes suaves e acolhedoras. Uma criada estendeu-lhe uma tigela fumegante, perfumada e sustanciosa. Ela se inclinou, ansiosa, mas a faísca vacilou sob uma rajada inesperada. Nessa fração de segundo, a visão evaporou, e o silêncio da rua deserta a envolveu novamente.
Quando o sino da cidade iniciou seu cântico de meia-noite, ela ainda tinha dois fósforos. Seu último refúgio parecia mais gelado do que antes; a lanterna acima de sua cabeça havia enfraquecido, e a neve rodopiava contra seu rosto como finos estilhaços de vidro. Ela fechou os olhos, evocou sua última fagulha e acolheu seu breve clarão.
Cintilações de Calor e Memória
O fósforo reluzia em sua palma como se soubesse do peso de sua missão. Em sua luz suave, ela viu um lar acolhedor: brasas incandescentes repousavam sob uma grade de ferro forjado, projetando ondas âmbar de calor por um assoalho de madeira polida. Uma mãe, envolta em um xale de lã macia, embalava um filho adormecido ao lado da chaminé, cantando uma canção de ninar que parecia encarnar o próprio espírito da segurança. A menina estendeu a mão, os dedos formigando de esperança, mas o fósforo vacilou e escureceu. Um pulsar depois, entregou seu último clarão, e ela se viu novamente entre as barracas silenciosas do mercado.

Apertando o penúltimo fósforo com coragem vacilante, ela o acendeu. Surgiu então uma árvore ricamente decorada, enfeitada com velas altas e enfeites de vidro vermelho e filigranas prateadas que refletiam incontáveis pontinhos de luz. Sob os galhos, uma família bem vestida se abraçava e oferecia fatias de bolo polvilhado com açúcar, suas risadas soando como sinos convidativos. O brilho a envolveu em um calor que ela só havia sonhado, e uma dor suave floresceu em seu peito ao sentir o desejo de pertencer. Mas a chama diminuiu, exaurida, deixando apenas a memória daquela doçura, pairando como fumaça na brisa fria.
Seu último fósforo tremia em seu punho quando o relógio iniciou a contagem lenta até a meia-noite. Ela fechou os olhos e tocou a ponta no tijolo áspero, rezando por um milagre final. Aceso, ele surgiu como uma tocha firme, irradiando um brilho inesperado. No círculo dourado, ela avistou uma estrela distante riscando o céu, deixando trilhas de verde e violeta numa aurora silenciosa. E acima daquele espetáculo, o rosto mais suave de sua avó, sorrindo e estendendo uma mão gentil. A menina sentiu um amor silencioso, uma leve força contra o desespero. Aproximou o fósforo, gravando cada traço dessa expressão terna. Mas o tempo, implacável como o gelo, consumiu a chama em seu auge — ela piscou e a visão se desfez no vento faminto.
O mundo voltou a si, mais gelado do que antes, e ela soube que a aurora a encontraria ali caída. Mesmo assim, ao desabar no chão, manteve no coração um brilho inabalável.
Além da Última Brasa
O amanhecer se aproximava em esplendor silencioso, o mundo coberto por um véu de branco enevoado, com apenas um tênue tom rosado no horizonte escuro. Os dedos da menina caíram imóveis, seu último fósforo apagado. Mas na face fresca ainda se perdurava um calor suave e um conforto luminoso que nenhum vendaval de inverno poderia apagar. Ela exalou seu último suspiro com um leve sorriso nos lábios, e naquele instante final foi envolvida por um resplendor — muito mais brilhante do que qualquer chama terrena.

Naquele reino além do gelo e da sombra, sentiu-se elevada a um céu sem fronteiras de estrelas. A avó a aguardava ali, braços abertos, os olhos marejados de alegria. O frio e a fome do mundo caíram como pó, e a menina deslizou por campos de luz estelar, onde risos soavam como sinos de cristal. Cada fósforo que ela acendera transformara-se em constelação, entretecida no firmamento para guiá-la adiante. Nunca mais seria uma figura solitária numa rua escura; agora era uma fagulha brilhante na tapeçaria do céu, amada e livre.
Passos na viela abaixo romperam o silêncio, e os vizinhos surgiram ao amanhecer para encontrá-la imóvel, aninhada na neve. Cobriram-na com ternura, trocando olhares maravilhados diante da expressão serena em seu rosto. Por um instante viram apenas tragédia; então um ancião meneou a cabeça e falou de esperança que brilha até o fim. Os fósforos, agora frios, jaziam espalhados como estrelas caídas ao lado de sua bandeja. E embora sua vida terrestre tivesse terminado, a cidade carregava em seu peito uma nova luz — a promessa de que a bondade, por mais tênue, eternamente resplandece.
Assim, todas as vésperas de Ano-Novo, crianças deixam um único fósforo na beirada da janela em sua memória, acreditando que, mesmo nos tempos mais sombrios, uma chama pequena pode nos guiar de volta para casa.
Conclusão
À beira de uma nova aurora, a pequena vendedora de fósforos repousa envolta em silêncio e neve, seu espírito iluminado além da rua congelada. Embora sua jornada neste mundo tenha sido marcada pela fome e pelas rajadas implacáveis do vento gelado, sua última chama revelou uma verdade mais antiga que o tempo: a esperança acende-se onde há corações dispostos a enxergar. Em cada brasa que riscou, ela encontrou um universo de calor, risos e amor gentil — presentes que outros poderiam oferecer se ao menos parassem para notar. O abraço radiante de sua avó tornou-se a lanterna que ainda a guia, um testemunho de que a compaixão, tal qual uma chama vacilante, sobrevive às horas mais escuras e supera a noite mais fria. Em vilarejos por toda a Dinamarca, em cada véspera de Ano-Novo, um fósforo permanece não aceso junto à janela como um voto silencioso. Ele homenageia a menininha cujos últimos desejos iluminaram o caminho de inúmeras almas: lembrar que, mesmo o menor ato de bondade, pode acender o mundo.