A Besta na Floresta

16 min

A mist-laden swamp where shadows conceal the unknown beast.

Sobre a História: A Besta na Floresta é um Histórias de Ficção Realista de united-states ambientado no Histórias do Século XIX. Este conto Histórias Descritivas explora temas de Histórias de Perda e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Morais perspectivas. Uma exploração arrepiante de chances perdidas e desejos não ditos nas selvagens terras do sul, envoltas em névoa.

Introdução

Elias Carver permaneceu na ampla varanda da antiga propriedade Carver enquanto o crepúsculo estendia seu manto aveludado pelo pântano além. O ar estava pesado com o aroma adocicado e azedo dos ciprestes e das folhas de carvalho em decomposição, e o gemido baixo do vento passando pelo musgo espanhol soava como um sussurro interminável. Ao longe, vaga-lumes dançavam sobre espelhos d’água e algo mais — algo sem nome — movimentava-se nas profundezas do coração verde feito de água e raízes. Desde a infância, Elias sentia o puxão de uma presença invisível, o rumor de uma fera que assombrava canais encobertos pela névoa e cavidades semi-enterradas. Conversas ao meio-dia no salão frequentemente tangenciavam essa criatura, embora poucos levassem a lenda a sério além de considerá-la fantasia. Mas para Elias, aquilo era um voto gravado em seu sangue: ele permaneceria vigilante, examinando cada sombra até que o destino se revelasse em rosnado ou suspiro. Mesmo agora, enquanto as primeiras estrelas perfuravam o céu, um arrepio de ansiedade percorreu sua espinha, como se um acerto de contas final estivesse se aproximando. Ele ajeitou a aba do chapéu de feltro, inalou o frescor da noite e resolveu que, amanhã de manhã — quando a primeira luz do sol fender a névoa — ele encontraria a verdade deslizando sobre a superfície da água. Contudo, no fundo, pressentia que certas verdades eram mais perigosas quando reveladas.

Sombras Sob o Cipreste

Elias passou seus primeiros dias vagando pelas estreitas margens que contornavam a vasta plantação Carver, onde antigos ciprestes pendiam seus galhos pesados em cortinas de musgo espanhol. No silêncio da alvorada, o ar trazia o cheiro de terra úmida e folhas em decomposição, um perfume que sussurrava segredos ocultos em águas rasas. Os moradores locais falavam de formas cintilantes vislumbradas entre raízes retorcidas, meio percebidas à beira da água, mas ninguém dava mais substância àquelas lendas além de um encolher de ombros ou uma risada. Desde o momento em que Elias ouviu falar da Fera — uma criatura de poder desconhecido que espreitava no pântano — seu pulso acelerou em antecipação e pavor. Ele se viu atraído para além das cercas e pelas trilhas lamacentas, o peito apertado por um voto silencioso de descobrir aquela presença oculta. A cada tarde, examinava os juncos, imaginando olhos brilhantes e rosnados abafados sob o dossel verde. Essa obsessão enraizou-se em sua mente, atando para sempre seu destino aos mistérios silenciosos que se escondiam sob a sombra dos ciprestes.

Árvores de cipreste cobertas de névoa emergindo das trevas de um pântano ao entardecer
A copa de cipreste se ergue majestosa sobre águas turvas enquanto o crepúsculo se instala.

Ao seu décimo nono verão, Elias havia reunido cada fragmento do folclore local, das confidências sussurradas de marinheiros fatigados aos cochichos das esposas de mercadores, construindo um arquivo particular de pavor. Ele examinava poças rasas com lanternas e rifles, mas a luz do dia trazia nada além de peixes rápidos e o emaranhado de raízes submersas. Amigos o repreendiam por perseguir sombras, aconselhando-o a estudar em cidades distantes, mas ele recusava, convicto de que a verdadeira revelação o aguardava atrás do véu de musgo e água. As noites o encontravam mergulhado em diários à luz de velas, mapas estendidos sobre a escrivaninha de mogno enquanto traçava cada curva do riacho e cada cavidade coberta de musgo. Seu tutor, o professor Hawthorne, falava em tons moderados sobre coragem e curiosidade, mas Elias rejeitava ambos, percebendo em cada chama e palavra escrita uma distração de seu propósito singular. Em sonhos, caminhava por águas negras, com a respiração quente da fera logo além de seu alcance, e acordava tremendo, o eco de rosnados submersos ainda retumbando em seus ossos. Essas visões tornaram-se tão reais para ele quanto a luz do dia, forjando um vínculo inquebrável entre o jovem e o terror invisível do pântano.

Com o passar dos anos, a propriedade ao seu redor parecia encolher diante da vastidão de sua obsessão. Ele observava as senzalas caírem em ruínas e as margens do rio se erodirem, mas mantinha o olhar fixo nos canais sombreados. Até feriados se passavam sem sua presença, pois não suportava o riso de crianças nem o tilintar de taças, temendo que abafassem o primeiro sussurro da fera. Julia Bennett, convidada de uma família vizinha, percebeu sua ausência na pista de dança do baile de verão, as saias arrastando-se pelo chão enquanto ela cruzava o grande salão em busca dele. Encontrou Elias encostado em uma janela com vista para o brejo e acomodou-se silenciosa ao seu lado, percebendo o peso que pesava em seus ombros estreitos. Estendeu a mão, fria contra sua manga, e falou suavemente sobre sonhos compartilhados e jardins que floresciam, mas ele se afastou, incapaz de conciliar o calor da presença dela com o frio de seus medos. Naquele instante, a promessa sombria do pântano eclipsou todas as outras vozes em sua mente, e Julia recolheu-se em um silêncio de perguntas não feitas. Ele esperava que, se pudesse ao menos vislumbrar aquela forma temida, finalmente se libertaria da vigília inquieta que o mantinha cativo.

No silêncio que precedeu o adeus dos vizinhos, antes de sua viagem de inverno a Nova Orleans, Julia escreveu uma última súplica em papel lavanda, sua caligrafia suave, porém insistente. Elias apertou o envelope, notando o leve torcer de esperança em cada letra delicada, mas nunca rompeu o lacre; fazê-lo significaria desviar seu olhar do pântano. As luzes vibrantes da cidade e os mercados seduziam-no com sua algazarra e cores, ainda assim não encontrou consolo entre ruas iluminadas a gás e carruagens ruidosas. A margem do rio em seus sonhos transformava-se nas grades de ferro de varandas distantes, mas sempre os galhos cobertos de musgo avançavam, obscurecendo seu caminho. Voltou após meses em universidades do Norte, mais erudito em filosofia e ciências naturais, mas menos confiante do que no dia em que partira. Cada palestra sobre resiliência e descoberta parecia vazia em seu peito, pois ele mensurava o triunfo no eco do rugido de uma fera, não nos louros acadêmicos. Quando finalmente pisou no cais conhecido, saindo do barco a vapor, a neblina surgiu como um manto acolhedor, e seu pulso acelerou com a velha promessa de confronto.

A estação das magnólias deu lugar ao primeiro prenúncio úmido do outono, e Elias caminhava pelos campos encharcados com botas pesadas que afundavam nas sulcas lamacentas. À sua volta, a terra exalava decadência e renovação num só fôlego, mas ele só ouvia o pulsar urgente de seu próprio coração. Ao entardecer, levantava-se diante da lareira e seguia os passos do pai até a varanda, onde criados idos mantinham lanternas como se guardassem contra um mal ancestral. Só havia uma constante: o puxão silencioso da água escura, insistente ao convidá-lo para além dos gradis. Ele sabia que chegaria a hora em que o temor teria de ceder lugar à ação, quando conduziria o barco entre juncos que se estalavam e enfrentaria a fera sob um céu sem lua. Ainda assim, um lampejo de dúvida o inquietava: e se a visão confirmasse uma verdade ampla demais para suportar? Naquela luz nascente, reconheceu uma fera diferente — nascida do arrependimento, perseguindo-o mais de perto do que qualquer criatura de presas e garras.

O Pavor Silencioso do Coração

Depois de anos trancado em anfiteatros e bibliotecas distantes, Elias se viu, inesperadamente, de volta às tábuas gastas da varanda Carver, o coração pesado de antecipação e arrependimento. A luz do luar filtrava-se pelas cortinas rendadas, dançando sobre o assoalho estalado em padrões que lembravam suas vigílias juvenis. Ele passou a mão pelo corrimão onde os dedos esguios de Julia haviam tocado, recordando sua risada suave e curiosidade destemida. O pântano estendia-se diante dele, um espelho escuro refletindo sua solidão, a superfície rompida, de vez em quando, pelo sutil ondular de um peixe. No isolamento, aprendeu a falar em sussurros, dirigindo-se à fera fantasma como se ela estivesse oculta sob sua voz. Traçou nomes em seu diário como uma ladainha: “Encontre a fera. Desvende seu enigma. Reivindique a aurora.” Mas quando chegou a hora de atravessar o limiar e encarar as sombras, hesitou, cada passo pesado como mil possibilidades perdidas. Atrás dele, a dor oca do afeto não correspondido ecoava mais alto do que qualquer rosnado distante. Perguntou-se se as sombras haviam se tornado impacientes em sua ausência, ou se era seu próprio coração batendo rápido demais para reconhecer o convite silencioso.

Uma embarcação solitária deslizando pelo pântano enevoado, com uma silhueta distante.
A vigília silenciosa de Elias refletida nas águas envoltas em névoa antes do amanhecer.

Julia chegou à beira do pântano num esguio esquife pintado de marfim, o cabelo trançado com flores de magnólia e esperança. A voz dela ecoou sobre a água como luz do sol, aquecendo o ar úmido com sua insistência gentil. “Vim porque não suporto mais uma estação tentando alcançá-lo por entre sombras”, chamou, os olhos brilhando de convicção. Elias respirou fundo, o peso das palavras dela misturando-se ao frescor da névoa noturna. Estudou sua figura elegante contra o avanço da penumbra e sentiu um nó de saudade tão intenso que parecia reverberar nas profundezas turvas. Ainda assim, a lembrança dos votos não cumpridos e das inúmeras madrugadas passadas escaneando aqueles juncos prendeu-o como âncoras de ferro. Temia que, se aceitasse sua mão, traísse sua busca — abandonasse a promessa de enfrentar a fera. Então ofereceu um sorriso leve, cordial e distante, e voltou-se de costas, deixando Julia a se perguntar que fantasma o mantinha prisioneiro.

Dever e ambição conduziram Elias a Nova Orleans, onde estudou Direito sob o fulgor dos lampiões a gás e o estrépito das rodas de carruagem, ainda que o pântano jamais afrouxasse seu aperto. Caminhava por mercados abarrotados e ouvia histórias marítimas sobre monstros do mar, mas nada atiçava sua imaginação como o reflexo das margens cobertas de musgo em águas turvas. Cartas de Julia chegavam quinzenalmente, cada uma um tecido de saudade e suave repreensão, implorando que ele voltasse e enfrentasse a verdade de uma vez por todas. Ele respondia com réplicas medidas — cheias de esperança em seu futuro comum — depois dobrava cada carta com cuidado e guardava-as num baú de carvalho que raramente reabria. Lampiões cintilavam nas pedras molhadas das ruas enquanto ele caminhava para casa à meia-noite, mas nunca se sentia totalmente presente, sempre meio à deriva, como se o pântano se agitasse em cada poça e chama de gás. Seus professores elogiavam sua inteligência aguçada; colegas invejavam sua precisão, mas nenhum aplauso superava a angústia que se alojara em seu peito. Aquela angústia o lembrava: o verdadeiro confronto não estava em estatutos ou pesquisas, mas no murmúrio silencioso das raízes sob águas escuras.

Quando Elias enfim concluiu seus estudos, o outono já dera lugar ao inverno, e chegou-lhe a notícia de que Julia buscara consolo junto a um primo nas Midlands distantes. A carta foi entregue numa manhã gelada de fevereiro, pelo mensageiro cuja respiração formava nuvens ao ar. Elias abriu o envelope e leu as palavras com dedos trêmulos: ela falava de rios, colinas e vales banhados pelo sol, além de toda precaução, ansiando por alguém que caminhasse ao seu lado em plena luz do dia. Uma única linha no final confessava que, se não visse mudança em seu retorno, não esperaria por sombras erguidas. Seu coração convulsionou, e ele caiu ao chão, a carta caindo como um pássaro ferido. Naquele espaço oco, a fera que perseguira nos recessos do pântano tomou nova forma — uma criatura tecida de arrependimento, tristeza e amor perdido. Ainda que lágrimas turvassem sua visão, Elias hesitou em abandonar o escritório de advocacia, impregnado de cheiro de tinta e couro; ela não o chamava para justiça em tribunal, mas para justiça em seu próprio coração.

Quando finalmente se encontrou novamente junto ao antigo bosque de ciprestes, o silêncio lhe pareceu ao mesmo tempo bem-vindo e cruel, como se o pântano o zombasse. A ausência de Julia deixara uma dor oca que nenhuma aula ou debate noturno podia aliviar. Num momento vacilante, Elias decidiu atender ao último convite dela — viajar até as Midlands para procurá-la sob céus abertos. Mas, ao colocar o casaco e se dirigir à carruagem, o último eco do sussurro pantanoso o deteve, prendendo-lhe os pés ao chão. Ele voltou atrás, convencido de que mais uma noite de vigília lhe daria o confronto sempre desejado. Sob uma lua minguante, rumou até a orla da água, onde a neblina se erguia em tênues fios, e acomodou-se no velho barco, remos cortando a escuridão das águas. Cada remada carregava o peso de desculpas não ditas e chances irremediavelmente perdidas, puxando-o para o vasto desconhecido que tanto temera e abraçara.

Aurora das Verdades Não Ditadas

O vento de inverno arrancara a maioria das folhas dos carvalhos ancestrais, e a mansão Carver permanecia muda sob um céu cinzento quando Elias pisou de novo na varanda pela primeira vez em anos. As persianas pendiam, as tábuas rangeram de tanto desuso e, além delas, a franja do pântano avançava, reconquistando campos que antes cultivavam algodão. A manhã parecia relutar em surgir, como se o horizonte temesse o que pudesse ser revelado com o nascer do sol. Elias sentiu um turbilhão de arrependimento e alívio percorrer suas veias. Então um clarão pálido surgiu atrás dele e uma voz familiar — Julia, envolta em um manto de lã, o olhar firme como a aurora que há muito o convidara a testemunhar. “Eu vim”, disse ela suavemente, selando os anos de espera num único suspiro. Ele apenas assentiu, incerto se deixava a esperança guiá-lo ou o temor detê-lo. Naquele instante, o tempo pareceu prender a respiração, como se o próprio pântano aguardasse a escolha que estava prestes a fazer. Fechou os olhos e inspirou com tremor, o brilho de um fim e o medo da conclusão entrelaçados de tal modo que se tornavam indistinguíveis.

Primeiro raiar iluminando o pântano ainda silencioso, com uma figura solitária em um barco.
Dawn quebra o horizonte através do pântano, enquanto a verdade surge na névoa que se dissipa.

Antes que o céu se banhasse de dourado, eles rumaram para o antigo esquife, a pintura lascada e os remos alisados pelo toque de incontáveis passagens. Poça após poça de água repousava escura e imóvel, refletindo as silhuetas de ciprestes e carvalhos. Elias conduziu o barco além do emaranhado de raízes, com Julia a seu lado, o manto roçando a madeira, a mão dela repousada em silêncio no banco. Cada remada ecoava no mundo ao redor, levando-os para dentro de um silêncio tão profundo que parecia sagrado. Ele hesitou na curva mais funda do canal, o coração martelando nas costelas como um tambor de aviso. Então Julia ergueu o rosto pelas mechas dispersas de cabelo e ofertou um calor firme que o ancorou mais seguramente do que qualquer juramento à lenda. As respirações sincronizaram-se enquanto o esquife deslizava adiante, e os primeiros raios pálidos da aurora tocaram a névoa num gesto de ternura. Naquela luz fugidia, o pântano perdeu sua ameaça, revelando apenas a vasta planície inexplorada de uma segunda chance. Sua mente oscilou entre descrença e gratidão enquanto os remos entravam e saíam da água, guiando-o rumo a um futuro que sempre negara.

Quando contornaram a última curva, Elias prendeu o fôlego, os olhos percorrendo cada sombra, cada protuberância à beira-d’água. Os sentidos aguardavam o menor tremor — uma ondulação anormal, um rosnado grave — mas o pântano oferecia apenas cantos de aves e o leve bater das ondas contra o casco. Ele abaixou o remo e acolheu a quietude, reconhecendo que o que buscava não era uma criatura monstruosa, mas a verdade silenciosa por trás de seus medos. Julia pousou a mão no braço dele, guiando seu olhar para um punhado de folhas caídas à deriva, pálidas como prata na luz nascente. A revelação o atingiu como um tsunami: durante todos aqueles anos, ele havia caçado um fantasma de sua própria criação, enquanto o amor e a vida passavam despercebidos. Lágrimas quentes encheram seus olhos, e o pântano não o julgou, mas pareceu sussurrar perdão enquanto a névoa se dissipava sobre águas invisíveis. Ele ajoelhou-se no barco, mãos pressionadas à testa, como se tentasse afastar os fantasmas do arrependimento. Julia ajoelhou-se ao lado, sua presença um bálsamo que acalmava mais do que qualquer brilho matinal.

Julia o abraçou enquanto o sol ergueu-se por completo para revelar o verdejante esplendor do pântano, o canto dos pássaros entrelaçado a raios dourados. Ele sentiu o peso de décadas deslizar de seus ombros, substituído por uma esperança frágil e luminosa como o céu da manhã. “Esperei por você”, ela sussurrou, a voz trêmula de alívio e orgulho, “não por histórias de feras, mas pelo homem que sempre acreditei que você poderia ser.” Elias fechou os olhos e deixou que aquela confissão penetrasse até seus ossos. Durante tanto tempo, perseguira fantasmas, quase esquecendo como viver no calor de uma mão estendida. Agora entendia que confrontar o desconhecido exigia coragem de coração muito mais do que audácia de lâmina. Permaneceram no esquife até que o pântano parecesse pulsar de vida: peixes saltando em salpicos, libélulas raspando lírios e garças distantes desenhando arcos solitários no céu. Naquele momento, Elias fez um voto de nunca mais permitir que o medo moldasse os capítulos de sua vida.

O esquife encalhou numa margem de raízes protuberantes, onde margaridas e samambaias bordavam o solo úmido, e Elias desembarcou com convicção trêmula. Atrás deles, a água repousava calma, sem sinal de terror oculto, apenas a promessa de recomeços refletida em sua superfície espelhada. Julia estendeu o braço, e juntos caminharam de volta à antiga casa por corredores de musgo e claridade. Elias respirou fundo, inalando o aroma de terra molhada e possibilidades, compreendendo finalmente que o confronto mais verdadeiro não era o que temera, mas o que abraçou ao deixar ir. No silêncio entre carvalhos cerzidos e juncos mudos, aprendeu que as feras mais elusivas habitam as profundezas do coração, e que, no suave romper da aurora, até as sombras mais densas podem desaparecer. Ele virou-se para lançar um último olhar à beira do pântano, onde uma solitária garça permanecia imóvel como estátua, como se testemunhasse sua redenção. Então encarou adiante, com o pulso firme de Julia ao seu lado, e avançou confiante para a luz aberta.

Conclusão

A história de Elias Carver nos lembra que os medos mais profundos muitas vezes não habitam cantos sombrios do mundo, mas os silenciosos recessos de nosso próprio coração. Por anos, ele mediu seu destino pela promessa de uma fera à espreita, cego para a presença viva do amor e das possibilidades que desprezara por tanto tempo. Contudo, quando a aurora finalmente rasgou as águas musgosas, trouxe uma verdade mais branda: que a coragem nasce no instante em que decidimos viver plenamente, em vez de nos esconder atrás de terrores imaginados. No eco das ondas suaves e da luz dourada, Elias encontrou redenção não ao matar um monstro, mas ao encarar o silêncio do arrependimento e escolher um caminho de conexão em vez de evasão. Que cada novo dia seja nosso convite a ultrapassar o medo, a acolher o desconhecido não como ameaça, mas como oportunidade de escrever uma história mais sincera com as páginas que ainda seguramos. Que todos aprendamos com sua vigília, reconhecendo que as jornadas mais profundas residem em superar os limites que erguemos dentro de nós e abraçar a frágil beleza da vida antes que sua luz se apague.

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