La Mulata de Córdoba: A fuga de uma bruxa da injustiça

8 min

La Mulata de Córdoba calls upon her hidden magic within the prison’s stone walls, bathed in moonlight.

Sobre a História: La Mulata de Córdoba: A fuga de uma bruxa da injustiça é um Histórias de Lendas de mexico ambientado no Contos do Século XVIII. Este conto Histórias Descritivas explora temas de Histórias de Justiça e é adequado para Histórias para Todas as Idades. Oferece Histórias Culturais perspectivas. Uma fascinante lenda de uma mulher acusada de bruxaria na Córdoba colonial, que vira o jogo com seus poderes secretos.

Introdução

No coração da Córdoba colonial, onde paredes caiadas brilhavam sob um sol implacável e o aroma de copal pairava nos altares dos templos, a lenda de La Mulata de Córdoba revelou seus primeiros segredos. Ela não era nem escrava nem senhora, mas uma mulher livre cujos cachos escuros e olhos luminosos guardavam um poder indescritível. A feira fervilhava de boatos sobre seus dons extraordinários: falava com os ventos como se eles respondessem, preparava remédios que aboliam febres em uma noite, e seu riso ecoava sob as grades do pátio da prisão. Quando o Santo Ofício chegou com tochas trêmulas e acusações sussurradas de feitiçaria, a cidade prendeu a respiração. Criados trancaram as portas, padres afiavam a língua, e a mulher a quem chamavam de “mulata” foi arrastada para uma cela tão sombria que até a luz do dia hesitava diante de suas grades. Ainda assim, naquele breu, ela sentiu o pulso de algo mais antigo que pedra e juramento – uma corrente oculta de sabedoria ancestral passada de mãe para filha. Em um breve sopro, convidou as chamas a dançarem pelas frias paredes, e no silêncio que se seguiu, o mundo pareceu estremecer. Aqueles que juravam manter a lei murmuravam orações enquanto ela desenhava símbolos estranhos no pó. O ar carregou uma eletricidade repleta de possibilidades. Naquela noite, uma lua pálida subiu sobre Córdoba, e nada jamais seria igual quando seu brilho prateado iluminou seus pulsos atados e seu olhar resoluto.

Acusada de Bruxaria

O sol da manhã revelou argolas de ferro e pisos de pedra úmida àquela mulher conhecida apenas pela cor de sua pele e por sua coragem. Entre sussurros e olhares semicobertos, ela seguia cada passo que ecoava pela cela. Guardas estalavam pedras sob botas pesadas, vozes baixas em tom de deboche enquanto discutiam seu destino. Alguns afirmavam que ela transformava água em vinho para festeiros noturnos; outros juravam ter visto sementes de discórdia brotarem nos bancos da catedral. Cada acusação aumentava o peso sobre seus pulsos, mas também atiçava uma centelha em seu peito. Nos cantos da cela, ratos corriam como testemunhas silenciosas, enquanto as paredes de pedra absorviam cada suspiro seu. Não havia janela a leste; nenhuma brisa dançava nas sombras da tarde. Suas mãos tremiam apenas quando recordava a canção de ninar da mãe, uma melodia anterior até ao som dos sinos da igreja.

La Mulata de Córdoba esculpindo um círculo mágico dentro de uma cela à luz de vela
Dentro da cela úmida, ela traça símbolos arcanos que brilham suavemente à luz da vela.

Isolada de toda ternura, ela aprendeu a enxergar além das grades. Fechava os olhos e evocava o murmúrio do rio logo fora dos muros da cidade, lembrava-se de como sua superfície vibrava à luz do amanhecer. Essa lembrança tornou-se uma ponte entre sua tábua de madeira e um mundo distante. Em voz baixa, entoava cânticos – sílabas sussurradas a contragosto, jamais pronunciadas com olhares sobre ela. A cada invocação muda, o nevoeiro da prisão tornou-se algo fluido, vivo, como se a pedra pudesse ceder a um antigo encantamento. No corredor, vozes curiosas se aproximavam; um guarda parou, certo de ter ouvido flautas nas salas de mármore. Ao cair da noite, até o carcereiro admitiu ter sentido cheiro de jasmim e escutado um leve zumbido nas paredes.

Noite de Fogo e Sombra

Quando a lua atingiu seu zênite, o pátio da prisão mergulhou em um silêncio estranho. Lanternas balançavam como corações nervosos em suportes de madeira, agitadas por um vento que somente ela podia invocar. Ela permaneceu dentro do círculo de giz, sua respiração erguendo nuvens suaves, e deixou o poder fluir por seu corpo. Sombras se desprenderam das juntas de argamassa e se reuniram a seus pés, assumindo formas que podiam ser animais ou fantasmas de lembranças. Cada uma capturava um fragmento de sua intenção – a liberdade – e tremia ao seu comando. Um zumbido grave ecoou além dos portões, soando triunfante e, ao mesmo tempo, melancólico.

 fagulhas místicas e sombras giram enquanto La Mulata realiza seu ritual de fuga
Sob a lua no zênite, faíscas dançam ao longo das paredes de pedra enquanto sombras ganham forma.

Um único gesto dos dedos fez faíscas dançarem pela parede. Elas aderiram a ferro e pedra, não para queimar, mas para se contorcer como glifos vivos. O ar adensou-se com uma fumaça perfumada – mirra misturada a cedro queimado – como se a própria cela exalasse um antigo incenso. Guardas no corredor recuaram, mãos cobrindo a boca. Um deixou cair a lanterna, cujo vidro se estilhaçou em um esplendor de luz derretida. Outro caiu de joelhos, murmurando preces inacabadas. Ela pronunciou uma última palavra, voz firme e baixa, liberando o comando certo. O círculo brilhou sob o luar e então se apagou, deixando as linhas de giz marcadas com poeira prateada.

Uma porta invisível abriu-se na parede norte – sem alavanca, sem dobradiças, apenas um convite silencioso. Ela saiu do círculo, segurando a barra do vestido de algodão, e sentiu o mundo se mover sob suas botas. Corredores antes trancados por portas de ferro agora se apresentavam abertos, lembranças de visitas a conventos e capelas na infância. O perfume de flores noturnas a guiava, e silhuetas fantasmagóricas se inclinavam ao redor de castiçais, num saudação silenciosa. Em cada sala dourada, o vento a empurrava adiante, até que ela alcançou o pátio, onde todo medo se dissolveu.

A Fuga Além dos Muros

Ela emergiu entre colunas antigas na praça central, onde estátuas de santos a observavam com dignidade de mármore. Seus pés descalços tocaram o frio dos paralelepípedos, e a brisa trouxe cheiros mistos de jasmim noturno e sal marinho distante. Cada estrela parecia fixar-se em seu trajeto enquanto ela deslizava por ruas estreitas, pintadas de ocre e índigo. Por trás de janelas gradeadas, lojas fechadas e nichos de padres, a cidade dormia, ignorando que sua maior lenda caminhava por entre as sombras dos sonhos.

La Mulata cavalgando ao amanhecer por campos rústicos além das muralhas de Córdoba
Ao amanhecer, ela parte de Córdoba, deixando para trás lendas e fios de prata.

Nos arredores, um cavalo solitário esperava sob um figueiral, como se convocado por seu desejo. Rédeas sedosas enlaçavam o pescoço do animal como fitas crepusculares. Ela montou sem cerimônia, o vestido de algodão roçando o flanco do bicho, e sentiu seus músculos se encolherem sob seu peso. O animal avançou em um trote suave, cascos reverberando em pedras antigas já polidas pelos peregrinos e carretas de carga. Lanternas surgiam em seu rastro, oferendas de aldeões supersticiosos, temerosos demais para desviar o olhar do milagre que se desenrolava.

O primeiro clarão do amanhecer acompanhou sua incantação final. Ela olhou para trás, em direção às torres da catedral cujos sinos haviam proclamado sua condenação. Naquele instante, era lenda ou fugitiva – tanto acusação quanto antídoto. Deixou soar o acorde derradeiro de seu poder, e o horizonte explodiu em ouro. Quando a cidade despertou, ela já havia desaparecido além dos campos de agave e palmeiras sussurrantes, deixando apenas uma suave lembrança de jasmim e um fio prateado preso no portão de uma igreja.

Conclusão

Séculos depois, quem passa pela feira ainda se detém naquele portão, olhos erguendo-se para encontrar apenas o fio de prata enredado em entalhes de madeira. Avós mencionam seu nome em voz baixa, e padres sussurram sua história entre sermões. Em cada pátio ecoante, em cada cela à luz da lua, persiste o pulsar de sua promessa: a injustiça pode desvanece r como névoa ao amanhecer se alguém proferir o verdadeiro nome da liberdade. Sob a mesma lua prateada que orientou seus passos secretos, surgem novas lendas. E sempre que um coração clama por justiça, o sussurro de La Mulata paira no vento, promessa e encantamento em uníssono – invocando a força para resistir, a vontade para questionar e a esperança para caminhar livre.

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