Os Ratos nas paredes

7 min

The inherited estate stands silent against the fading sky, its silhouette hinting at secrets hidden within ancient walls.

Sobre a História: Os Ratos nas paredes é um Histórias de Ficção Realista de united-states ambientado no Histórias do Século XX. Este conto Histórias Dramáticas explora temas de Histórias de Bem vs. Mal e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Divertidas perspectivas. Uma herança inquietante revela corredores sombrios e uma loucura crescente além de antigas paredes.

Introdução

A primeira visão de Julian Ashcroft sobre a Mansão Ashcroft deu-se sob um céu rasgado, as colinas ondulantes de Massachusetts ao longe desfocadas pela névoa. A propriedade erguia-se no alto do morro como um espectro, suas torres e beirais recortados contra nuvens carregadas. Ele esperava papéis de herança e retratos familiares empoeirados. Não esperava o silêncio — um silêncio impossível que parecia engolir cada suspiro, cada passo, enquanto atravessava a entrada tomada pelo mato. Pinheiros altíssimos curvavam-se num vento invisível, e vinhas se enroscavam nos caixilhos de pedra como se atraídas por um pulso secreto nas antigas alvenarias. A pesada porta de carvalho resistiu ao seu empurrão, rangendo ao abrir-se para um saguão imponente com piso de mármore manchado pelo tempo. Castiçais jaziam tombados, sua cera endurecida em grotescas estalagmites; nas paredes, tapeçarias desbotadas retratavam linhagens quase tão desconhecidas quanto os olhares que ele fazia a elas. O ar estava denso com o musk de mofo e podridão de madeira, salpicado por um arrepio mais frio que formigava na pele. Em algum lugar, lá no fundo da casa, algo arranhava o reboco. Julian parou, o coração martelando. Convenceu-se de que fosse o assentamento da madeira antiga, o estrondo distante da chuva — qualquer coisa, menos o agitar de algo vivo e faminto atrás daqueles muros silenciosos.

Herança e Chegada

Julian estudou a carta formal de herança à luz de vela. Ela detalhava escrituras, livros contábeis e uma doação modesta, mas não mencionava a reputação sombria da mansão — sussurros sobre herdeiros desaparecidos e escândalos nebulosos enterrados nos registros do condado. Ele pôs a carta de lado para examinar a chave de ferro forjado, cujo broquel estava intrinsecamente moldado num grotesco formato de rato. No instante em que a encaixou na fechadura, a casa pareceu inalar ao redor dele, as venezianas estalando em protesto. Naquele silêncio estrondoso que se seguiu, cada passo reverberava como um badalar de sino. Ele explorou cômodo por cômodo: um gabinete com estantes manchadas de fuligem, uma biblioteca de tomos encobertos de pó e um salão de música onde uma harpa rachada jazia abandonada. A cada corredor que percorria, Julian sentia as paredes flexionarem, como se estivessem vivas. O piso rangia sob seus pés, mas não revelava nenhum vão oculto. Ele descartava a breve impressão de movimento no canto dos olhos — provavelmente uma veneziana solta ou um rato atormentado pela luz da lanterna. Contudo, ao entrar na sala de visitas, a temperatura despencou de tal modo que seu fôlego formou nuvens diante de si. Sobre uma mesa lateral, encontrou a fotografia de seu tio-avô: um homem pálido, de olhos fundos e expressão assombrada. Ao longe, um suave arranhar começou, trêmulo e baixo. O pulso de Julian acelerou. Ele estendeu a mão para a lanterna. “Alô?”, sussurrou. Somente o arranhar respondeu, como unhas no reboco, aproximando-se.

Hall de entrada iluminado por velas, com piso de mármore quebrado e uma antiga porta de carvalho
Julian entra no vestíbulo, onde todas as surfaces estão envoltas em sombras e decadência.

Sua primeira noite na mansão foi interrompida por sonhos espasmódicos. Ele imaginava arranhões sob a cama, milhares de garras minúsculas correndo na escuridão. Quando a manhã chegou, sentiu-se frio e oco. Ainda assim, a casa o chamava, seus corredores convidando-o a adentrar mais. No café da manhã, no salão de jantar empoeirado, não encontrou talheres — apenas castiçais manchados e porcelanas trincadas. Preparou-se para descobrir o que estivesse oculto nessa herança, sem saber que, ao fazê-lo, deslacraria uma porta para um terror indescritível. Os ratos, percebeu tarde demais, eram apenas o começo.

Ecos pelos Corredores

Cada corredor da Mansão Ashcroft estendia-se como um labirinto de suspiros. Julian seguia as costuras das tapeçarias em busca de painéis secretos — lendas falavam de salas escondidas —, mas só encontrava tecidos corroídos por traças e madeiras apodrecidas. O arranhar dos ratos tornava-se cada vez mais insistente, vindo de paredes que estremeciam quando ele as tocava. Tentou racionalizar: canos antigos, vento no forro, camundongos se abrigando em armários vazios. Mas a lógica murchava sob o peso da noite. Numa tarde, descobriu uma escotilha sob as tábuas do asilo infantil: uma porta de metal presa por um trinco de ferro. Lá dentro havia um estreito poço que descia na escuridão absoluta. Pegou a lanterna e, tomado pela apreensão, desceu. O ar no espaço rasteiro cheirava à terra úmida e algo mais podre — um fedor amniótico de putrefação. As paredes eram forradas de ripas antigas, atrás das quais movimentos tênues provocavam sua visão periférica. Encostou o ouvido na madeira e ouviu roídos e guinchos, como se uma colônia de vermes sussurrasse segredos do passado da casa.

Espaço escuro sob as tábuas antigas do chão, forrado com tábuas úmidas e sombras rastejantes
Julian desce para o desconhecido abaixo do berçário, descobrindo uma passagem úmida, repleta de sussurros sinistros.

Ele emergiu perturbado. Pesquisas na empoeirada biblioteca revelaram que os antepassados Ashcroft supostamente mergulharam em ritos ocultos — ofereciam sacrifícios para assegurar a fortuna da família. Mencionado apenas em notas de rodapé, isso sugeria uma linhagem antiga manchada pela culpa. Julian encontrou um livro-razão descrevendo o desaparecimento de duas crianças do orfanato vizinho; suas semelhanças eram idênticas aos retratos da ala leste. As próprias paredes da mansão estavam impregnadas de dor e sangue. Naquela noite, tentou trancar a entrada do asilo infantil, mas o trinco escapou de sua mão. A escotilha desaparecera. Em seu lugar, o piso tornava-se liso — sem emendas, sem veios de madeira, apenas pedra fria. Um tremor de medo percorreu-lhe a espinha. Sob a fachada da mansão, algo pulsava, vivo e faminto. Julian acendeu velas no corredor, cujo tremeluzir projetava sombras contorcidas. E, ao chegar a meia-noite, o arranhar começou de novo, implacável e cheio de malícia.

Descida na Escuridão

A chuva martelava o telhado enquanto Julian confrontava o coração da casa. Na biblioteca principal, encontrou uma alavanca oculta esculpida em um pedestal de globo antigo. As paredes gemeram em resposta quando uma seção de estantes deslizou, revelando uma escadaria em espiral que descia à escuridão total. Armado com vela e lanterna, iniciou o descenso, cada degrau ecoando como um sino de morte. A câmara inferior era vasta, talhada na rocha — uma cripta ancestral sob a mansão. Crânios de ratos petrificados e fragmentos de ossos cobriam o chão. Correntes enferrujadas pendiam de alvéolos arqueados. Na extremidade, um poço circular abria-se como um abismo. O arranhar ali era ensurdecedor, como milhares de garras roendo a borda de pedra, ávidas por escapar.

Uma câmara subterrânea com um altar de pedra ao lado de um poço aberto cheio de ratos de olhos brilhantes
Julian descobre uma cripta escondida onde, há séculos, pode ter ocorrido um ritual grotesco.

Julian aproximou-se com determinação trêmula. Na borda do poço, vislumbrou movimentos lá embaixo — centenas de ratos, seus olhos brilhando como brasas molhadas. Escalaram as paredes com urgência. Em pânico, deixou cair sua lanterna; ela se estilhaçou, mergulhando-o na escuridão. Um guincho gutural subiu pelas suas costas. Ele girou e encarou um altar esculpido em mármore negro. Sobre ele repousava um grimório esfiapado, inscrito com símbolos arcanos. A compreensão lhe atingiu: a própria casa era herdeira de um pacto indescritível, seus alicerces embebidos em sangue de ritual. Os ratos eram guardiões, arautos de um horror mais antigo que o cemitério próximo. Julian tentou recuar, mas a escadaria em espiral havia desaparecido — a pedra substituíra a madeira. Estava preso. O estardalhaço de garras correndo ecoava na câmara tumular enquanto ergueu os fragmentos de lanterna para iluminar o breu. E naquele lampejo, viu uma forma se coalescendo no poço: metade humana, metade rato, olhos cintilando de malícia, convidando-o a juntar-se à colônia eterna sob os muros.

Conclusão

A lanterna de Julian falhou enquanto recuava do altar, cada instinto clamando por fuga. Tropeçou em lajes rachadas, sentiu as paredes de pedra se apertarem ao seu redor. A criatura metade-rato empoleirava-se na borda do poço, o rosto coberto de bigodes retorcidos num sorriso maligno. Ele agarrou o grimório antigo e o atirou no abismo. Os ratos urraram um som que dilacerou seus tímpanos. Desesperado, escalou, encontrando um estreito feixe de luz quando a escadaria secreta ressurgiu. Subiu, com ratos em seu encalço mordendo seus calcanhares. Por fim, irrompeu na noite, a chuva lavando seu suor e terror. A Mansão Ashcroft permanecia erma atrás dele, suas janelas novamente escuras. Nos anos que se seguiram, Julian selou a propriedade atrás de um portão imponente e deixou a mansão à própria ruína. Mas, em noites tempestuosas, viajantes locais juram ouvir arranhões dentro dos muros em colapso e o eco distante de guinchos maníacos soprados pelo vento. A Mansão Ashcroft permanece — testamento de uma linhagem sombria, um lugar onde certas dívidas com horrores esquecidos jamais podem ser saldadas.

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