O Fantasma que Ela Se Tornou

9 min

Evelyn’s first glimpse of Grayhaven Manor under the waning moon.

Sobre a História: O Fantasma que Ela Se Tornou é um Histórias de Fantasia de united-states ambientado no Histórias Contemporâneas. Este conto Histórias Dramáticas explora temas de Histórias de Perda e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Divertidas perspectivas. Nos silenciosos corredores de uma propriedade na Nova Inglaterra, uma mulher descobre que está deixando a vida para trás e entrando em um assombrado além.

Introdução

O luar reflete nas tábuas envelhecidas da varanda enquanto Evelyn Wilcox pisa nos jardins de Grayhaven Manor, a propriedade ancestral que ela jamais soube existir. A respiração dela se prende no ar frio da noite quando a imponência do velho casarão se ergue à sua frente, com as persianas batendo suavemente ao vento e o contorno retorcido de uma cerca de carvalho cruzando a relva envolta na névoa. Cada janela fechada parece guardar um segredo; cada estalo de persiana sussurra histórias de vidas há muito partidas. Em sua mão, ela aperta uma carta em papel manchado de tinta, a única pista de que a mulher que a criou foi, um dia, moradora deste lugar, muito antes do nascimento de Evelyn. Ao caminhar por um caminho estreito ladeado por rododendros selvagens, memória e tempo se entrelaçam, e ela se pergunta se encontrará respostas — ou ainda mais perguntas — entre as frias paredes de pedra da mansão. Ela para diante da pesada porta de carvalho, deslizando os dedos pelo orifício da fechadura ornamentada, imaginando o sorriso meigo de sua avó guiando seus passos. Quando finalmente gira a chave, a porta se abre com um gemido que ecoa pelo grande salão, como o suspirar da própria casa. As lampiões a gás nas paredes acendem-se ao seu toque, projetando sombras dançantes que parecem quase humanas enquanto se estendem pelos pisos de madeira entalhada. O aroma de lavanda e pergaminho antigo flutua no ar, trazendo junto um traço sutil de algo mais suave e infinitamente mais raro: a melancolia. Naquele instante, Evelyn pressente que aquele lar guarda mais do que lembranças e poeira; guarda uma presença, uma voz que se enlaça por cada corredor e aposento, aguardando-a. Ela avança para o interior, e a cada passo os grãos de pó sublevam-se, rodopiando na luz dos lampiões. O silêncio é tão profundo que ela quase consegue ouvir o pulsar de corações silenciosos nas paredes. Um tremor inesperado percorre seu corpo quando avista um retrato antigo semioculto por uma cortina de veludo esfarrapado. O quadro mostra uma jovem de vestido azul claro, olhos escuros e assombrados, o rosto marcado por uma suave e contida angústia. O coração de Evelyn dispara: ela percebe que aquela mulher é sua avó, não como a lembrava, mas como ela fora — alguém que desapareceu sem deixar vestígios há décadas. E, à medida que um calafrio percorre sua espinha, ela sente o arrepio inconfundível do desconhecido e a promessa de que alguém — ou algo — está a observando. Uma voz, mais suave que um suspiro, roça a nuca dela, soletrando seu nome como se viesse montada nas asas do passado — um convite irrecusável.

Sussurros no Sótão

Sótão empoeirado iluminado pela lua, com sombras que dançam sobre os antigos pisos de madeira.
O sótão onde Evelyn primeiro percebeu o sussurro de algo invisível.

Ela girou lentamente, examinando fileiras de baús tomados pela poeira e relíquias quase esquecidas empilhadas contra as paredes do sótão. Uma escrivaninha antiga repousava sob uma janela grosseiramente tampada, sua superfície marcada por gerações de tinteiros pesados. Sobre o blotter, descobriu uma folha de linho frágil, com a caligrafia desbotada. Ao desdobrá-la, um sussurro baixo pareceu surgir das tábuas do assoalho: seu nome. Evelyn prendeu a respiração e engoliu em seco, o pulso retumbando em seus ouvidos. Ela esforçou-se para ouvir outro som, mas só o suave farfalhar de cortinas agitadas por uma brisa inexistente respondeu-lhe.

Reunindo coragem, começou a ler: uma carta de sua avó endereçada a um amor perdido, palavras marcadas pela lágrima e pelo arrependimento. Cada linha revelava um luto tão intenso que parecia ganhar vida, tecido no papel como um organismo vivo. Evelyn traçou aquela escrita delicada com ponta dos dedos, e as bordas da carta se desfaziam ao menor contato. Nas margens, uma anotação final soava como um clamor: “Set me free.” Um relâmpago pareceu vibrar em seu peito quando uma rajada de vento percorreu o sótão, levantando papéis no ar e apagando sua lanterna. Naquela escuridão silenciosa, uma voz sussurrou ao vento: “Evelyn…” Ela não ousou responder, mas soube que não estava mais sozinha.

Ecos de Desgosto

Uma mesa de biblioteca iluminada pelo sol, coberta de cartas amareladas e um diário aberto.
Cartas e diários que revelam uma cheia de amor trágico escondido nas paredes da mansão.

De volta ao grande salão, a luz do sol aqueceu as partículas de poeira que dançavam no ar como confetes dourados. Evelyn sentou-se à longa mesa de carvalho e desdobrou a carta frágil que dera início à sua jornada. Leu-a outra vez, absorvendo cada vinco, cada mancha, cada linha manchada de lágrimas. Pelas palavras da avó, vislumbrou uma história de amor proibido: um soldado que desapareceu no mar, uma promessa de retorno e um eco de dor que se recusava a desaparecer. A tinta borrada pelas lágrimas traçava um caminho de saudade e desespero.

Determinada a descobrir a verdade, Evelyn procurou as profundezas ocultas da mansão — a biblioteca, os aposentos dos criados, a adega, qualquer lugar onde a memória pudesse guardar segredos. Num livro tomado pela poeira, encontrou um diário que narrava uma noite de traição atroz, quando uma chama se aproximou demais do gelo e ameaçou queimar o coração que tentava curar. Página após página, leu promessas quebradas e almas abandonadas. A cada revelação, a voz em sua mente tornava-se mais clara, instigando-a a seguir seu caminho. Ao meio-dia, Evelyn percebeu que, para quebrar a maldição, precisaria confrontar o passado em sua origem: o velho carvalho no morro onde o destino de sua avó se selara.

À Beira da Transformação

Uma figura pálida como um espectro sob uma antiga árvore de carvalho, iluminada pela luz da lua.
O momento em que Evelyn atravessa a fronteira entre a vida e o pós-vida sob o antigo carvalho.

À base do carvalho, encontrou uma depressão rasa forrada de fragmentos de papel frágeis — pedaços de promessas e súplicas espalhados como confetes na relva. Ajoelhando-se, juntou os fragmentos até formar uma mensagem coerente: ‘Set me free…’ Evelyn murmurou as palavras em voz alta, a voz embargada. Um vento repentino arrebatou a vela, mergulhando-a na escuridão. Tendrils frios se enroscaram em seus tornozelos, subindo como vinhas-fantasmas que envolveram sua cintura. Naquele vazio, sentiu-se desfazer, a carne tornando-se leve, o coração pulsando cada vez mais lento, com o receio de parar por completo.

Um brilho suave floresceu à beira de sua visão quando uma figura surgiu das sombras — uma mulher vestida de azul pálido, com olhos que refletiam melancolia e alívio ao mesmo tempo. ‘Obrigada,’ sussurrou o espectro. Os lábios de Evelyn tremeram enquanto os limites entre vivos e mortos se esvaneciam. Ela sentiu a própria forma tornar-se translúcida, um calor no peito como se aceitasse esse novo reino. ‘Você é o elo,’ disse o espírito, estendendo a mão, cujos dedos se dissolveram em luz do luar. Um último sopro de vento levou embora os fragmentos de papel, e Evelyn fechou os olhos, permitindo que seu eu anterior se transformasse em lenda.

Conclusão

Nos dias que se seguiram, Grayhaven Manor pareceu respirar de alívio. Evelyn Wilcox nunca mais falou da noite em que ela mesma se tornou o fantasma que buscava libertar, mas o vento entre os carvalhos carregava seu riso sempre que a lua cheia brilhava. As persianas batiam suavemente, não com ameaça, mas em suave aplauso, dando-lhe boas-vindas a um reino onde a dor e o consolo se entrelaçavam. Visitantes afirmavam ver uma figura pálida deslizando pelos corredores, cantando uma canção de ninar mais antiga que o tempo, e juravam que seus olhos guardavam um brilho de esperança reservado às almas perdidas. Pensavam tratar-se do espírito de sua avó oferecendo conforto, mas Evelyn sabia a verdade; reconhecia aqueles traços como seus, suavizados pela luz espectral e livres dos temores mortais. A carta que carregara permaneceu guardada num baú de latão sob as tábuas do assoalho, suas linhas manchadas de lágrimas uma promessa adiada, porém cumprida. Às vezes, ela ficava na varanda onde havia inalado, pela primeira vez, o aroma de lavanda e pergaminho antigo, contemplando os campos envoltos em névoa onde as sombras dançavam em harmonia com as árvores. Nas noites silenciosas, a frase ‘Set me free’ sussurrava não de nenhum lábio, mas da própria brisa, lembrando-a de um amor que transcende a carne. Evelyn abraçou o limiar entre vida e morte, trocando o peso do arrependimento pelo abraço etéreo da memória. E, naquele silêncio atemporal, encontrou uma paz que a vida jamais poderia conceder, seu coração ecoando suavemente em cada canto silencioso de Grayhaven Manor.

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