Primeiro Amor

11 min

Alexei gazes through the frosted window of Café Solntse, where his first glimpse of love awaits.

Sobre a História: Primeiro Amor é um Histórias de Ficção Realista de russia ambientado no Histórias do Século XX. Este conto Histórias Descritivas explora temas de Histórias de Formação e é adequado para Histórias Jovens. Oferece Histórias Inspiradoras perspectivas. O delicado despertar do amor e da desilusão de um jovem nas ruas nevadas da Rússia.

Introdução

Nas margens congeladas do rio Neva, sob um céu pesado de nuvens cinza-ardósia, Alexei Ivanov, de dezoito anos, encontrava-se dividido entre o silêncio invernal e uma inquietação que agitava seu peito. Era o final de janeiro, e São Petersburgo jazia sob um manto imaculado de neve, com antigas fachadas barrocas salpicadas de geada e luminárias de ferro fundido emitindo um brilho suave na pálida luz da tarde. Mais à vontade nas margens silenciosas de seus cadernos do que nas ruas movimentadas, Alexei jamais imaginara que o amor pudesse chegar como uma súbita rajada de ar quente. No entanto, naquela mesma tarde, enquanto entregava anotações de pesquisa à biblioteca da cidade, ele percebeu um lampejo de cabelos acobreados através da janela embaçada de um café aconchegante. Lá dentro, uma jovem lia um exemplar surrado de Pushkin, com uma xícara de porcelana exalando finos véus de vapor contra o vidro. Ele prendeu a respiração quando o mundo pareceu mudar, e as linhas rígidas do inverno se dissolveram em uma dança delicada de possibilidades. Palavras escaparam de sua mente antes mesmo que ele pudesse organizá-las, e ali ficou, hesitando no limiar, com o coração acelerado. Parou junto à janela, observando-a virar a página, alheia ao efeito que provocara em sua alma. Aquele instante pareceu derreter os cantos frios de seu coração cauteloso, deixando um brilho tênue que ele sequer sabia precisar.

Um Coração Congelado

Nos dias que se seguiram ao encontro às margens do Neva, Alexei movia-se pela cidade como em sonho. Cada floco de neve parecia ecoar a lembrança dos cabelos acobreados e da concentração delicada que ele vislumbrou naquele café. Repetia o momento com clareza implacável: a luz suave, o tilintar da porcelana, o murmúrio contido dos outros clientes enquanto seu rosto era iluminado pela chama dos lampiões. Em seu pequeno apartamento de estudante, lanternas de papel projetavam sombras mutantes nas paredes, e ele estendia a mão para a tinta com tremor, na esperança de capturar um fragmento daquela sensação. Mas as palavras surgiam pálidas diante do calor que o consumia por dentro.

Lá fora, os dias encurtavam e a cidade ganhava uma grandeza silenciosa, mas a mente de Alexei permanecia fixa na garota do livro. Ele pensava nos dedos esguios virando páginas, no arco suave do sorriso quando ela parava para bebericar o chá, e nas notas de canela na mistura exclusiva do café, misturando-se ao aroma de história em cada estante. Ansiedade e expectativa percorriam suas veias como um par inseparável, impulsionando-o a voltar àquele instante radiante. Caminhava pelos paralelepípedos com um propósito renovado, cada passo escolhido para levá-lo de volta a ela. Naquela determinação silenciosa residia a promessa frágil de algo que nenhum dos dois ainda compreendia por completo.

Alexei observando através de uma janela embaçada de um café uma jovem mulher lendo.
Alexei vislumbra Elizaveta absorvida em seu livro junto à janela embaçada do Café Solntse.

Na manhã do sábado seguinte, Alexei se agasalhou contra o vento e rumou ao café, com o coração acelerado sob várias camadas de lã e pele. A estreita porta de ferro exibia uma placa pintada à mão com letras douradas anunciando Café Solntse, e lá dentro o vapor dançava em espirais preguiçosas sobre mesas forradas de renda. E lá estava ela de novo, sentada junto à janela embaçada, com o mesmo livro aberto à sua frente. Ele hesitou na soleira, atraído pelo aroma de cardamomo e chocolate derretido que o convidava a entrar. Reunindo coragem, pigarreou e balbuciou um cumprimento tímido, seu sotaque carregando uma convicção suave que ele mal conseguia sentir. Ela ergueu o olhar, surpresa iluminando seus olhos cinza-esverdeados, e por um instante o mundo se calou ao redor dos dois. Reconheceu o casaco grosso que ele usava e, com um gesto, indicou uma cadeira vazia. Alexei sentou-se à sua frente, esbarrando a xícara no pires com um sorriso nervoso. A tarde se desenrolou em um balé delicado de conversas e silêncios, cada palavra construindo uma ponte entre suas almas. Quando finalmente se despediu, deixando pegadas alegres para trás, ele carregou consigo a promessa de um novo capítulo ainda por escrever.

Nas semanas que se seguiram, Alexei e a jovem — cujo nome descobriu ser Elizaveta — encontravam-se nas mesmas rotinas como se orbitassem a mesma órbita. Compartilhavam livros à luz de lamparinas, corriam atrás de folhas que giravam nos jardins de março e riam sob um céu que ameaçava chuva, mas guardava suas lágrimas. Ela lhe apresentou versos de Lermontov que ele jamais vira, e ele ensinou-a a desenhar as elegantes torres da cidade a carvão. A cada traço e a cada verso, o afeto tímido entre eles florescia, tecido como um calor envolvente ao redor de seus corações. Os amigos de Alexei zombavam de seu súbito entusiasmo por visitas a cafés, e ele recebia as provocações com um sorriso envergonhado, orgulhoso de falar sobre a inteligência viva dela e o humor delicado que iluminava cada canto de suas conversas. Ao anoitecer, escapavam para a margem do rio congelado, com as respirações se misturando em nuvens suaves enquanto falavam de sonhos que iam além das cúpulas douradas da Catedral de Santo Isaac. Naqueles momentos furtivos, Alexei sentia-se infinito — atraído por possibilidades que ultrapassavam o estreito quadro de sua própria vida. Mas, sob a alegria, crescia uma preocupação discreta, como uma rachadura na superfície do gelo, a pergunta não dita de se tanto brilho resistiria ao derretimento que estava por vir.

Promessa da Primavera

Com a chegada de abril, São Petersburgo despia seu manto invernal e revelava ruas reluzentes de paralelepípedos molhados pela chuva e brotos de magnólias. À beira do canal Fontanka, Alexei e Elizaveta passeavam sob salgueiros sussurrantes, seu riso se misturando ao murmúrio das águas despertas. Ele se sentia aquecido pela presença dela, enquanto a luz filtrava-se entre as nuvens e desenhava suaves padrões de iluminação em seus cabelos. A cada conversa, desvendava-se uma nova faceta de seu espírito gentil: o amor pelos trabalhos manuais, as histórias dos verões da infância no interior e o sonho de um dia tornar-se bibliotecária. Ela prestava atenção às aspirações dele — pesquisar história local e escrever ficção — enquanto um fio de cabelo escapava atrás da orelha com um gesto quase automático. As mãos se tocavam, enviando faíscas silenciosas pelas veias, a promessa elétrica de intimidade descoberta sob o céu aberto. Na estação de renovação, o luto pelo silêncio do inverno dava lugar a batidas musicais do coração e devaneios partilhados. A cidade parecia torcer por sua felicidade que desabrochava.

Alexei e Elizaveta caminhando ao longo do florescente Canal Fontanka na primavera
Alexei e Elizaveta passeiam sob os salgueiros em flor junto ao Canal Fontanka.

Elizaveta levou Alexei a sua livraria favorita, escondida numa viela perto da Nevsky Prospekt. Eles exploraram prateleiras empoeiradas, folheando mapas antigos e manuscritos amarelados, até que as sombras da noite se estendessem pelo piso de madeira. Sobre xícaras de chá fumegantes, numa sala nos fundos ladeada por cortinas de veludo, debateram, de forma brincalhona e doce, os méritos de Pushkin versus Gogol. Alexei surpreendeu-a com um pequeno desenho do vitral da loja, capturando o caleidoscópio de cores que surgia ao cair da noite. Ela apertou o presente contra o peito, confessando que era a coisa mais linda que já recebera. As faces coraram sob a luz suave do lamparim e, por um instante, o mundo para além daquela sala veludada desapareceu. Naquelas horas roubadas, viveram inteiramente um para o outro, sem perceber a correnteza do tempo que os levava adiante. Quando se despediram à porta, ambos sentiram perguntas não ditas, profundas, pairando no ar.

Enquanto pétalas caíam como confetes sobre as calçadas úmidas, Alexei se via lutando com uma inquietação cada vez maior. O medo de que tal encanto fosse efêmero fincava raízes em seus pensamentos, e ele batalhava com dúvidas que não ousava compartilhar. Seria esse amor capaz de sobreviver além da doçura da primavera? Obrigações distantes os separariam, como tantas histórias de amor e perda já mostraram? Observava Elizaveta rir com amigas sob galhos arqueados, a luz do sol dançando em seus olhos, e rezava para que as próximas palavras conseguissem superar o silêncio em seu peito. Mas cada vez que abria a boca para revelar seus receios, o momento dissolvia-se em risadas e confidências, deixando suas preocupações sem voz. O rio, antes silencioso sob a lâmina de gelo, agora sussurrava lembretes de mudança e incerteza, suas correntes refletindo o tremor em seu coração. Naquele equilíbrio delicado entre esperança e apreensão, Alexei entendeu que o maior risco de todos era sentir tão profundamente — e se importar tão completamente.

Adeus de Verão

Quando o verão se desdobrou, São Petersburgo banhou-se em dias intermináveis, com o ar pulsando calor e cor. Alexei e Elizaveta passavam longas noites às margens do Neva, observando as embarcações deslizarem lentamente sob o brilho das lanternas. Faziam piqueniques na grama macia perto do Jardim de Verão, onde estátuas de mármore pareciam imortais entre pétalas de rosa e a luz dourada do sol. Ela confessava que aquelas horas eram como viver poesia, cada instante gravado em sua memória. Alexei desenhava linhas no dorso de sua mão, imprimindo o peso de seus dedos e o leve perfume do linho aquecido pelo sol em seus sentidos. Sob o reflexo dos lampiões na água, falavam de futuros que se estendiam diante deles como horizontes sem fim. Até mesmo o eco distante dos sinos das igrejas parecia carregar uma ressonância mais doce, como se abençoasse sua devoção nascente. Naquele período idílico, nada existia além de olhares cúmplices e promessas silenciosas.

Um jovem casal se abraçando em um terraço no telhado enquanto o pôr do sol se põe sobre São Petersburgo.
Alexei e Elizaveta se despedem de forma comovente sob o céu do verão que está a desaparecer.

No entanto, por trás da superfície da alegria, havia conversas sussurradas sobre mudanças iminentes. Elizaveta recebera um convite para estudar literatura na universidade de Moscou, uma oportunidade que não podia recusar. A perspectiva da distância lançou uma sombra sobre o vínculo deles, obrigando Alexei a encarar a profundidade de seu apego. Ele buscava palavras de incentivo, mas temia que qualquer expressão de orgulho revelasse a dor em seu peito. Elizaveta também lutava contra as lágrimas ao falar de seus sonhos, dividida entre a lealdade a Alexei e o desejo de crescer pessoalmente. Sentaram-se em silêncio numa noite úmida, com gotas de suor escorrendo pelo pescoço enquanto vaga-lumes dançavam ao redor. A energia vibrante do verão já não soava totalmente festiva, mas carregava um toque agridoce. No silêncio daquele crepúsculo, reconheceram que sua história talvez chegasse ao fim muito antes do que ambos imaginavam.

No último dia de suas férias de verão, Alexei conduziu Elizaveta ao terraço do modesto apartamento de sua família, onde a cidade se estendia diante deles como uma tela viva. Entregou-lhe na palma da mão uma violeta prensada e um pedaço de papel com um poema que escrevera para ela. Ela agarrou ambos os tesouros contra o peito, o olhar firme, ainda que lágrimas cintilhassem nos cantos dos olhos. Uma melodia distante de violoncelo escapava pela janela aberta de um apartamento vizinho, acentuando a beleza solene de seu adeus. Por um instante, o tempo estremeceu: dois corações entrelaçados sob o céu infinito, presos entre a dor da despedida e o calor da lembrança. Depois, com lábios trêmulos, abraçaram-se — uma promessa final selada num beijo que durou como a nota derradeira de uma canção. Quando a silhueta de Elizaveta se perdeu no crepúsculo que chegava, Alexei sentiu o verdadeiro peso da perda alojar-se em seus ossos.

Conclusão

Com o passar dos anos, a memória daquele adeus de verão permaneceu ao mesmo tempo tesouro precioso e ferida latejante no coração de Alexei. Ele dedicou-se aos estudos de história russa, encontrando consolo em arquivos empoeirados e no ritmo constante da pesquisa acadêmica. Ainda assim, no silêncio da madrugada, voltava às linhas de seus poemas, reencenando o abraço no terraço em gestos cuidadosamente guardados em páginas delicadas. As notícias vindas de Elizaveta chegavam por cartas ocasionais, cada uma trazendo em igual medida esperança e saudade: relatos de palestras e encontros estudantis, lembranças vívidas dos canais e da luz de inverno em São Petersburgo. Embora a distância os separasse, o vínculo perdurava por meio das palavras partilhadas e do pacto de se reencontrarem quando o destino permitisse. Décadas depois, numa manhã gelada de primavera, Alexei encontraria o nome dela inscrito em seu diário, lembrete de que o primeiro amor, por mais breve que seja, define os contornos de todo coração que a ele se segue. Ao longo dos meandros de sua vida, aquele calor tênue nascido às margens do Neva tornou-se sua luz guia, iluminando a verdade de que o primeiro florescer do amor nunca se desvanece de fato — apenas se aprofunda com o tempo.

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