O Chamado de Cthulhu: Ecos de R'lyeh

8 min

Moonlight catches submerged stone columns of an alien city off the coast.

Sobre a História: O Chamado de Cthulhu: Ecos de R'lyeh é um Histórias Mitológicas de united-states ambientado no Histórias do Século XX. Este conto Histórias Dramáticas explora temas de Histórias de Bem vs. Mal e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Divertidas perspectivas. Uma jornada imersiva pelo horror cósmico, onde antigos deuses despertam sob as ondas.

Introdução

No escritório pouco iluminado da antiga mansão do meu avô, descobri um tesouro de manuscritos arcaicos que mudariam para sempre o rumo da minha compreensão. A capa de couro do tomo estava rachada e enegrecida pelo tempo, seus símbolos indecifráveis em qualquer língua convencional, porém de alguma forma familiares nas profundezas da minha mente. Cada página frágil exalava o frio de uma tumba submersa enquanto eu percorria a tinta desbotada que parecia se mover sob os dedos trêmulos. As anotações do meu avô nas margens falavam de geometria impossível em pilares incrustados de corais submersos num oceano de outra dimensão e de sonhos que guiavam exploradores a reinos sem nome que desafiavam o pensamento euclidiano. Ele escrevia com cadência urgente, como se o ato de escrever pudesse afastar um horror inominável à beira da percepção. Cintilações de tochas dançavam pelas paredes daquele quarto iluminado a velas enquanto eu folheava cada página, hipnotizado pelos relatos de um culto oculto jurado a despertar um deus antigo. A cada palavra, um temor crescente se aninhava no meu peito como uma âncora gelada. Eu pressenti que não eram meras superstições de uma era remota, mas avisos codificados em um script febril por estudiosos que sabiam que o véu entre os mundos podia rasgar-se tão facilmente quanto o pergaminho. Quando a tempestade lá fora atingiu seu auge mais feroz, entendi que minha vida ficaria para sempre entrelaçada a forças muito mais antigas e aterradoras do que a razão humana poderia conter. Este é o registro daquela jornada ao abismo, onde a realidade se dobra e o chamado de Cthulhu ressoa como um coro subaquático distante que nenhuma mente pode ignorar.

Despertar das Profundezas

No inverno de 1926, encontrei pela primeira vez um fragmento do saber do culto de Cthulhu em um maço de cartas esfareladas e fotografias desbotadas de meu tio-avô já falecido. Chamava-se Professor Angell, um renomado antropólogo cuja pesquisa posterior o levou para longe dos salões seguros da academia da Nova Inglaterra, rumo a domínios mais sombrios. A caixa chegou a Nova Orleans em meio a uma névoa úmida de primavera que fazia as ruas reluzirem sob as lâmpadas a gás trêmulas. Na minha exígua cabine de hotel, sob uma única lamparina a óleo, abri as primeiras páginas frágeis. As cartas relatavam pesadelos vívidos que mudavam de forma em sonhos, como leviatãs agitando-se sob ondas geladas. Descreviam uma arquitetura não humana no Caribe, em ilhas esquecidas onde a própria memória vacilava como água contra a rocha. As imagens incluíam um baixo-relevo de uma figura monstruosa, meio polvo, meio dragão, suspensa entre colunas sinuosas, com olhos vazios como abismos sem estrelas. Ler essas descrições me perturbou, mas também me atraiu de forma irreprimível para aquele saber arcano. Em um dos relatos, o Professor Angell alertava para um culto cujos seguidores sussurravam nomes mais antigos que qualquer língua viva, ressoando em frequências subconscientes. Ele rastreou sua presença até reuniões secretas que ocorriam nos pântanos da Louisiana e em ruínas afundadas sob o gelo do Ártico. Cada carta trazia um esboço apressado de blocos de pedra angulares talhados em glifos desconhecidos, como se as próprias leis da perspectiva tivessem sido distorcidas por uma mão alienígena. Nas margens, rabiscos trêmulos confessavam que nenhum mortal deveria jamais despertar os poderes que ali eram descritos. Ao continuar a leitura, percebi que não se tratava de curiosidade acadêmica, mas de um chamado de algo antigo e paciente. Uma voz anterior a qualquer tradição convidava-me a horizontes que eu mal ousava imaginar. A cada noite, aquele murmúrio tornava-se mais forte, ecoando sob minha respiração, sugerindo cidades adormecidas nas trincheiras mais profundas do oceano. Entendi então que minha jornada por esse reino proibido estava apenas começando, e que o limiar que eu atravessava me marcaria para sempre.

O estudo de um acadêmico iluminado pela luz de uma vela, repleto de relíquias amaldiçoadas e manuscritos proibidos.
Pesquisas feitas durante a madrugada revelam símbolos enigmáticos e ídolos ancestrais, sugerindo uma conspiração cósmica.

Sombras Sobre os Mares

Meses depois, acordei encharcado de suor após um sonho com portões ciclópicos se fechando sob correntes ferventes. Na visão, apoiei a palma da mão contra uma porta monolítica entalhada com espirais ornamentadas que pulsavam com uma luz verde fosforescente. Uma voz, como o estrondo de címbalos, ecoou de uma caverna mais profunda que o próprio oceano, prometendo revelações vastas demais para qualquer mente humana. Despertei com o cheiro de sal e o som de um arranhão desconhecido na porta de minha cabine. Ao amanhecer, descobri um rastro viscoso de resíduo luminescente serpenteando pelo assoalho de madeira, como se uma criatura invisível tivesse passado enquanto eu sonhava. Logo depois, chegou um telegrama da guarda costeira — barcos à deriva no Golfo, tripulações desaparecidas, diários de bordo cobertos por marcas crípticas. O mundo em que eu confiava, erguido sobre mapas e cronogramas, começou a se desfazer num emaranhado de estranhezas e medo. Determinado, parti em um cargueiro envelhecido rumo às águas abertas. A viagem testou cada fibra da minha resistência; tempestades uivavam com inteligência, e relâmpagos revelavam formas sob as ondas — membros colossais flutuando na penumbra fosforescente. Os marinheiros resmungavam sobre cânticos emergindo das profundezas e cultistas reunidos em enseadas remotas à meia-noite. Passei noites em claro anotando cada detalhe, do ranger do casco ao coro distante de tambores que retumbava pelos conveses de aço. À medida que os suprimentos acabavam de maneira anormal e a febre da prisão se instalava, percebi que os limites da realidade se esgarçavam como uma lona velha. O grito do vigia na quinta noite permanece gravado na minha memória: torres negras irrompendo da névoa em ângulos impossíveis, desafiando qualquer lógica euclidiana. Minhas anotações se encerram em um frenesi de rabiscos, pois compreendi que a cidade de R’lyeh não era alucinação, mas um pesadelo vivo sob o mar, aguardando o dia de emergir de profundezas cirúrgicas para retomar seu domínio sobre a terra e o céu.

Torres fosforescentes emergem do horizonte de um mar nebuloso, desafiando toda a geometria conhecida.
Túneis de R’lyeh emergem à tona envoltos por uma névoa espessa, anunciando o apocalipse da sanidade.

A Revelação do Sonhador

Confesso que o que se seguiu desafiou os limites do pensamento racional e do senso comum. O encontro em R’lyeh deixou cada testemunha irremediavelmente transformada, nossas memórias transbordando em visões febris que nenhum estudioso conseguiria catalogar. Registrei o que pude antes que o peso daquela exposição cósmica esgarçasse minha vontade. De volta ao porto, não havia sinal de torres incrustadas de corais ou praças ciclópicas — apenas as docas familiares e as lâmpadas a gás de um mundo que se recusava a lembrar seu breve contato com o oblívio. Marinheiros comentavam sobre navios-fantasma que surgiam por instantes em portos distantes, só para desaparecer novamente sob águas ondulantes. Rumores de templos remotos ocultos no dossel da floresta, onde cultistas invocavam ritos arcanos sob céus sem lua, se espalharam por tavernas e corredores universitários. Consultei criptógrafos que afirmavam decifrar fragmentos daquela língua alienígena, apenas para desabarem pálidos e trêmulos, enquanto as frases ecoavam em suas mentes como ninhos de canções fantasmagóricas. Noites a fio, eu sonhava com arcos submersos e hinos vibracionais que atravessavam oceanos e séculos. Passei a temer o próprio sono, pois cada sonho abria uma porta para um abismo atemporal. Acadêmicos que antes ridicularizavam o mito agora sussurravam sobre estrelas vacilantes e constelações invertidas nos esboços de seus observatórios desbotados. Anotei cada testemunho em um volume final, encadernado em peles impermeáveis e selado com lacre negro. Seu título permaneceu em branco — deixado intencionalmente em branco pelo receio do que ainda pudesse escapar pelas frestas da realidade. Agora, exilado e assombrado por vislumbres daquele deus onírico, percebo o véu entre nosso mundo e o abismo cósmico se desfazer a cada estação que passa. Este é meu aviso: há conhecimentos cujo preço é mais pesado que o medo, e portas que, uma vez abertas, permanecem escancaradas, permitindo que a canção do sono de Cthulhu penetre em cada mente fragmentada.

Um erudito envolto em sombra, iluminado por fragmentos de imagens proibidas de sonhos.
Um pesquisador assombrado registra as últimas e fragmentadas visões do sonho de Cthulhu.

Conclusão

Nos séculos que se seguiram desde as descobertas iniciais do Professor Angell, os sussurros sobre o iminente retorno de Cthulhu persistem em cada canto da memória humana. Erguemos muros altos de certeza e progresso, mas, sob a superfície, o abismo ferve com uma paciência insondável à nossa breve existência mortal. Ainda que apelemos à razão e à ciência, os ritmos ancestrais das profundezas marcham firme rumo à sua hora marcada. Escrevo este relato final num momento de calma inquieta antes da tempestade. Se as estrelas se alinharem novamente, nosso mundo poderá ficar à deriva, lançado na noite perpétua sob o olhar daquele deus adormecido. Preserve estas palavras como um farol contra o oblívio, pois nossa frágil centelha de consciência pode ser a única chama na escuridão. Que estas crônicas fortaleçam sua vontade, pois, diante de forças cósmicas tão vastas, a coragem torna-se nossa defesa mais preciosa. No entanto, é uma muralha frágil, facilmente despedaçada pelo eco de verdades primordiais. Se você encontrar estas páginas, atente a elas. Reze para que o limiar entre vigília e pesadelo nunca se enfraqueça, pois nesse intervalo reside nossa única esperança de suportar o retorno dos Grandes Antigos.

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