Introduction
Olumide levantou-se antes do nascer do sol, o perfume do orvalho sobre os milharais e campos de inhame enchendo seus pulmões enquanto ele amarrava os cadarços de couro já gastos de suas sandálias. Em sua pequena cabana de palha à beira da aldeia de Udo, a luz da vela dançava pelas paredes de madeira, iluminando um singelo pote de barro com mingau que sua esposa preparara. Ele comeu em silêncio, saboreando cada colherada, consciente de que sua honestidade lhe rendera a confiança dos vizinhos e dos comerciantes das vilas distantes. Em toda a região ninguém jamais vira Olumide faltar com a verdade. Quando seus vizinhos trocavam inhames ou bodes, faziam-no sem receio de que o agricultor os enganasse. Crianças e anciãos visitavam sua barraca no mercado só para ouvir sua voz serena e apreciar a firmeza de suas palavras, tão constantes quanto o rio que talhava o vale. Notícias sobre sua integridade atravessaram reinos além de Udo, chegando até o palácio do rei Adebola. Na corte real, as conversas sobre o homem cuja honestidade era tida como perfeita intrigavam cortesãos e conselheiros, pois acreditavam ser impossível alcançar a verdade absoluta. Esse pensamento atiçou o orgulho e a curiosidade do rei: ele convocou Olumide para testar se tal virtude resistiria à astúcia real. Com o coração acelerado por igual medo e determinação, Olumide afastou sua esteira, ofereceu preces aos ancestrais e avançou sob a primeira luz da aurora. Levava consigo apenas uma cesta trançada com inhames e uma confiança serena forjada em décadas de falar somente o que sabia ser verdade. O caminho à frente o levaria dos campos conhecidos ao coração do esplendor — e do perigo — onde só a honestidade seria seu escudo.
The Summoning at Sunrise
A jornada de Olumide começou por uma trilha estreita que cortava os milharais ondulantes e agrupamentos de baobás. Pássaros se dispersavam em bandos ao perceber seus passos na terra aquecida pelo sol. Ele caminhava devagar, revivendo cada momento de sua vida em que a honestidade o guiara pelos conflitos: a época em que orientou viajantes perdidos ao indicar a curva exata do rio; o dia em que confessou a um mercador ter contado moedas a mais e devolveu o valor excedente imediatamente. Quando menino, vira mentiras trazerem ruína às famílias; já adulto, testemunhara a honestidade restaurar laços de confiança e o espírito de comunidade. Agora, cada lembrança o enchia de uma coragem tranquila que dissipava qualquer sombra de dúvida. No meio do caminho, surgiu o mensageiro real — um garoto de pele ébano segurando um pergaminho selado com lacre vermelho. O jovem ajoelhou-se e estendeu a mensagem escrita com tinta dourada: "Olumide de Udo, compareça diante do rei Adebola ao alvorecer. Fale sua verdade ou enfrente as consequências do silêncio." Com o coração disparado, o agricultor aceitou a ordem sem reclamar. Ajoelhou-se diante do mensageiro, tocou a testa no chão e levantou-se ciente de que muitos haviam recusado a convocação do rei e jamais retornaram. Atrás dele, o limite da aldeia desaparecia, substituído por pomar alinhado e estábulos bem guardados. Soldados de elmos reluzentes o interpelavam em cada posto de controle, mas ele respondia com simplicidade: "Sou Olumide, o agricultor de Udo", e seguia viagem. Por fim, atravessou os portões entalhados do palácio, e suas sandálias se mantiveram silenciosas sobre o mármore polido como espelho. Corteãos em sedas vibrantes observavam-no com sorrisos dissimulados ou sobrancelhas franzidas. O ar estava fresco com o respingo da fonte de mármore no centro do pátio, onde flores de lótus flutuavam sobre águas límpidas. À frente despontavam as câmaras do trono, e a determinação de Olumide se manteve inabalável. Era homem conhecido por falar apenas a verdade, e agora essa mesma verdade o conduziria até o âmago reluzente — e traiçoeiro — do poder.

Trials of Truth
O rei Adebola reclinava-se num estrado sob um dossel de veludo carmesim, o brilho das tochas projetando sombras mutantes em seu semblante austero. À sua volta, corteãos ostentavam colares de joias e turbantes de seda, olhos cintilantes de expectativa. O agricultor ajoelhou-se no centro do salão polido, sentindo o silêncio descer como um manto. A voz do rei, grave e compassada, rompeu o silêncio: "Olumide de Udo, sua fama o precede. Dizem que você jamais contou uma mentira. Vou testar sua franqueza." Uma tigela de prata cheia de moedas de ouro surgiu aos pés do camponês. "Diga-me", começou o rei, "esta tigela contém cem peças de ouro ou mais? Se não responder corretamente, os guardas o levarão às masmorras." A audiência inclinou-se, prendendo a respiração. Olumide permaneceu ajoelhado, analisando as moedas que reluziam como raios de sol capturados. "Meu rei", respondeu em voz suave, "não posso dizer quantas moedas há aqui sem contá-las. Vejo que brilham intensamente, mas não conheço sua quantidade." Um murmúrio percorreu o salão. Os lábios do rei se estreitaram. "Resposta ousada", disse ele. "Conte-as agora — rapidamente — e fale a verdade." Sem hesitar, Olumide contou cada moeda com precisão: uma a uma, seus dedos firmes, até chegar a setenta e nove. "Setenta e nove, meu rei", anunciou. "Se houver mais escondidas, não as vejo." Clarões de surpresa surgiram entre os corteãos. Muitos esperavam que o agricultor arriscasse um palpite — talvez acrescentasse algumas moedas para impressionar a realeza. Em vez disso, Olumide confiou apenas no que havia contado. O rei indicou um servidor que inclinou a tigela. Uma única moeda deslizou, tilintando uma vez. "Dei a você oitenta", declarou o rei. "Você deixou passar uma." Olumide inclinou a cabeça. "Contei precisamente o que vi diante de mim, senhor. Não presumi moedas ocultas entre as dobras da tigela."

O rei franziu o cenho, levantou-se e andou de um lado para o outro enquanto os corteãos sussurravam. Então, bateu seu cetro no chão de mármore. "Basta. Um segundo teste." Chamou um conselheiro, que apresentou um anel de ouro cravejado de rubi. "Este anel pertenceu ao meu pai. Se você realmente fala a verdade, diga o momento em que ele o usou com maior orgulho." O salão silenciou. Alguns riram discretamente, achando a pergunta absurda — quem saberia a memória íntima de um rei? Mas Olumide não vacilou. "Não conheço a hora exata, senhor", respondeu. "Mas sei que foi no dia em que ele encerrou uma grande guerra, ao entregar este anel à sua mãe. Ele se sentiu orgulhoso ao guardar as armas e oferecer a paz." O rubi cintilou à luz das tochas, e os corteãos piscavam em surpresa. Muitos acreditaram que o agricultor inventaria alguma lenda romântica. Em vez disso, falou com clareza sobre o tratado de paz gravado nas pedras do vale. O olhar do rei suavizou por um instante, antes de se aguçar como lâmina pronta para atacar.
When Truth Prevails
Um silêncio envolveu a corte enquanto o rei Adebola assentia lentamente, a curiosidade misturada à frustração. Ergueu de novo o cetro. "Prova final", decretou. "Responda com sinceridade, Olumide: se eu exigir que você jure pela deusa da justiça que falará apenas a verdade, você cumprirá ou violará seu juramento em favor de sua própria honestidade?" Muitos julgavam que o rei pretendia encurralar o camponês — juramentos a divindades muitas vezes traziam cláusulas ocultas. Mas a mente de Olumide estava clara. "Senhor, juro pela deusa que direi apenas o que sei ser verdade. E, se por ventura eu vacilar, que receba nada mais grave que uma lição de humildade." Os olhos do rei estreitaram-se. "Muito bem. Você pronunciou seu juramento diante de todos. Agora diga-me: por que este serviço é valioso para o seu povo?" Olumide ergueu-se, voz firme. "A honestidade garante segurança, senhor. Quando vizinhos confiam na palavra uns dos outros, o comércio prospera. Quando governantes confiam em seus súditos, a revolta se esvai. Meu serviço não consiste em bajular, mas em revelar a justiça e impedir a crueldade."

Murmúrios preencheram o salão. O rei caminhou diante do estrado, o cetro marcando o compasso como um coração batendo. Então ergueu a mão. Um servo trouxe uma tigela de madeira simples, sem ornamentos. "Por que esta tigela, agricultor?" perguntou Adebola. "O anel de seu pai e minha tigela de ouro eram sofisticados — ainda assim você confessou ter deixado passar uma moeda. Que lição esconde este recepiente rústico?" Olumide inclinou-se para frente, encontrando o olhar do rei. "A tigela simples mostra que a verdade não precisa de ouro para ser valiosa. Ela contém apenas o que cabe — nem mais, nem menos. Não exige engano para parecer preciosa, pois seu valor está na clareza de seu propósito." O rei ficou em silêncio, enquanto a corte aguardava o veredito. Por fim, Adebola abaixou o cetro e sorriu — gesto raro que suavizou seus traços régios. Abaixou-se diante de Olumide. "Você me mostrou um espelho, homem justo. Minhas tramas astutas apenas revelam minhas próprias dúvidas."
Levantou-se e dirigiu-se à corte. "Que este agricultor retorne a Udo com honra. Que sua honestidade seja consagrada em nossas leis. E que todo aquele que mentir a serviço deste trono aprenda com seu exemplo." Os corteãos aplaudiram, e Olumide fez um profundo aceno. Apesar do cansaço, sentiu uma onda de esperança: que um reino antes governado pelo medo pudesse agora florescer na confiança. Ao partir, lanternas iluminaram seu caminho, e aldeões alinharam-se na estrada para saudar o homem que nunca mentiu.