Aqueles que Partem de Omelas

7 min

Golden spires of Omelas reflect on the river as festival lights dance in the twilight.

Sobre a História: Aqueles que Partem de Omelas é um Histórias de Ficção Científica de united-states ambientado no Histórias Contemporâneas. Este conto Histórias Dramáticas explora temas de Histórias de Bem vs. Mal e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Morais perspectivas. A Alegria de uma Cidade Utopiana Esconde um Segredo Sombrio.

Introdução

A cidade de Omelas era famosa por suas torres douradas que se erguiam contra um céu cerúleo, um lugar onde as risadas das crianças e a música se entrelaçavam em uma tapeçaria de celebração e paz infinitas. Todo ano, o Festival das Luzes iluminava canais e ruas com lanternas giradas por mãos alegres, e os cidadãos sentiam seus corações se expandirem com o orgulho coletivo. Comerciantes cumprimentavam-se calorosamente enquanto bandeiras tremulavam pelas avenidas de paralelepípedos, e poetas recitavam versos que falavam de um mundo livre da escassez. Contudo, sob essa jubação vibrante, havia um entendimento tácito: a harmonia de Omelas dependia de uma única verdade, sombria e oculta. Em vozes suaves, os mais velhos ensinavam à geração mais jovem que a prosperidade não era um presente, mas uma escolha — uma escolha que carregava um fardo inescapável. Ninguém falava do preço em voz alta; bastava que cada alma o guardasse em silêncio, uma agulha mental que sufocava cada instante de deleite irrestrito. A maioria aceitava esse peso silencioso, crendo ser o equilíbrio necessário para a felicidade. Alguns, incapazes de suportar o custo, escapavam sob o véu da noite, caminhando rumo a horizontes distantes, onde o caminho se tornava incerto, guidados apenas pela consciência e pelo anseio por uma paz mais honesta.

Sob os Pináculos Dourados

Omelas se erguia de suaves colinas até uma vasta planície onde rios se ramificavam como fitas de prata. Arcos imponentes e passagens abobadadas conectavam torres de pedra clara, cada uma talhada com runas de alegria e abundância. Os cidadãos moviam-se em perfeita harmonia, seus passos ecoando como música por entre colunatas adornadas com guirlandas perfumadas. Risadas ecoavam nos pátios longínquos enquanto crianças perseguiam borboletas feitas de luz viva. Eruditos reuniam-se em fóruns a céu aberto para debater a natureza da bondade e a forma de utopias futuras, enquanto artistas decoravam fontes públicas com mosaicos que retratavam o espírito humano em seu estado mais jubiloso. A noite caía como uma cortina de veludo perfurada pelo brilho incessante das lanternas; a cidade jamais adormecia de fato, seu pulso mantido pelo espanto coletivo. Mesmo nas horas mais silenciosas, um suave zumbido de contentamento pairava pelas ruas vazias, levado pela brisa fresca que trazia um leve aroma de jasmim e promessa.

Criança pálida em um quarto escuro e úmido sob o palácio de Omelas
A criança esquecida senta-se sozinha no porão úmido, com os olhos vazios de negligência.

Mas nem todo canto de Omelas reluzia com alegria compartilhada. Sob as praças de mármore, câmaras ocultas guardavam o segredo da cidade. Uma única porta trancada, despercebida pela maioria, dava acesso a degraus de pedra que desciam até um porão cavernoso. Ali, numa penumbra perpétua, aguardava uma criança solitária. O ar naquele espaço era pesado e estagnado, e as paredes exibiam manchas de umidade de vazamentos há muito esquecidos. Guardas postados acima moviam-se silenciosamente, com corações pesados pela obrigação e pela tristeza. Raramente falavam sobre o que havia lá embaixo, mas todos conheciam a verdade fundamental: Omelas só podia existir em esplendor se uma vida fosse trocada por inúmeras outras. Cada cidadão entendia esse pacto e todos haviam visto a criança pelo menos uma vez — embora poucos conseguissem encarar seu olhar sem estremecer. Respeito e repulsa entrelaçavam-se enquanto se afastavam, mãos cobrindo a boca para sufocar qualquer grito de protesto.

Sussurros de dúvida às vezes surgiam entre os jovens prestes a integrar as fileiras da cidade. Questionavam se uma felicidade erguida sobre o sofrimento poderia perdurar, se o brilho de Omelas não seria, ele mesmo, uma ilusão frágil. Debates acalorados aconteciam em reuniões secretas, vozes baixas mas urgentes. Uns argumentavam que o sacrifício da criança era a raiz sombria da qual toda beleza brotava, uma verdade inevitável da existência mortal. Outros insistiam que o verdadeiro progresso exigia compaixão sem crueldade, que uma sociedade nunca deveria consentir tal troca. Nenhum dos lados prevalecia; o consenso tênue se mantinha e os preparativos para o festival prosseguiam. Espectadores nas galerias altas brindavam aos fundadores da cidade, alheios à alma aprisionada sob seus pés.

Quando o amanhecer se aproximava, a luz dourada filtrava-se pelas frestas do piso acima, iluminando os traços pálidos da criança. Os cabelos úmidos grudavam na testa e seus olhos, abertos de anseio pela liberdade, encontravam o feixe de luz. Naquele instante, o coração de Omelas parecia oscilar entre a luz e a sombra, um equilíbrio frágil dependente de um único suspiro.

A Criança Oculta

No silêncio que precedia o Festival dos Espelhos, quando as ruas permaneciam vazias e apenas as lanternas projetavam um brilho expectante, alguns poucos eram conduzidos ao subterrâneo. Autoridades os escoltavam por portas sem identificação, cada rangido do ferro soando como um toque fúnebre. Reuniam-se ao redor da cela, em reverência silenciosa. A criança, com não mais de sete ou oito anos, sentava-se sobre um cobertor gasto nas bordas. As costelas apareciam sob a pele fina, e seus olhos acompanhavam cada movimento com uma mescla de medo e curiosidade. Os visitantes desviavam o olhar, e lágrimas brilhavam nos cantos dos olhos enquanto o peso da cumplicidade se abatia sobre cada coração.

Figuras caminhando para longe de Omelas em direção a um horizonte distante sob céus tempestuosos.
Um punhado de cidadãos deixa Omelas, deixando para trás as luzes da cidade enquanto nuvens se formam no horizonte.

Uma voz suave — de um filósofo encarregado dos cuidados — ergueu-se para lembrá-los da necessidade. “Este sacrifício nos sustenta. Sem ele, as torres desabariam, os rios secariam e a angústia dominaria cada alma.” As palavras soavam ensaiadas, mas até a voz do orador falhou ao proferir a frase final. Um a um, os visitantes depositaram oferendas de comida e tecidos macios, expressando uma gratidão que mal conseguiam encontrar. A criança alcançou um pão fresco, quebrando seu jejum em silêncio.

Entre os espectadores estava uma jovem professora que certa vez ensinara as crianças da cidade a ler — a enxergar a beleza das palavras. Agora, porém, sentia a culpa congelar suas veias como gelo. Lembrou-se das salas de aula iluminadas e das mentes abertas, e se perguntou se a compaixão não poderia florescer em lugar do medo. Um tremor percorreu seu corpo ao perceber que não falaria. Em vez disso, afastou-se, seus passos ecoando estranhamente no corredor. Outros notaram seu gesto, corações acelerados. Um pequeno grupo a seguiu, escolhendo a consciência em vez do conforto, partindo para a escuridão sem raízes além dos portões trancados.

Atrás deles, o filósofo fechou a tampa, selando o mundo de sombras da criança. As vozes se afastaram, ficando apenas o gotejar da água e o suave zumbido da cidade acima. O sacrifício estava completo por mais um ano, o acordo renovado mais uma vez.

A Escolha de Partir

Na noite do festival, as ruas de Omelas se enchiam de visitantes de cidades distantes, atraídos por histórias de alegria sem igual. Lanternas serpenteavam como ondas enquanto cidadãos e estrangeiros dançavam ao redor das fontes que jorravam luzes coloridas. Músicas preenchiam o ar — cordas, flautas e vozes entrelaçadas em melodias que celebravam a liberdade e a união. O aroma adocicado dos doces misturava-se ao perfume das flores noturnas, e cada rosto brilhava de antecipação. Ali, a vida parecia despreocupada, um reflexo puro da esperança concretizada.

Cidadãos se afastam de Omelas em direção a um caminho sombrio na floresta
Um pequeno grupo deixa Omelas para trás, adentrando uma floresta silenciosa sob a luz das estrelas.

Entretanto, na beira da festa, uma estrada estreita se perdia além do brilho das lanternas, rumo a bosques sombreados e colinas inexploradas. Aqueles que conheciam o segredo da cidade aventuravam-se por aquele caminho. Seus passos eram silentes a princípio, com corações pesados pela tristeza e pela determinação. Carregavam apenas o essencial: uma muda de roupa, um pequeno pão e o peso da decisão tomada. Não falavam em voltar atrás; fazê-lo seria trair uma consciência recém-desperta.

Enquanto avançavam sob carvalhos milenares, as vozes silenciavam até restarem apenas a respiração e o sussurro das folhas. Para alguns, um tremor de medo surgia — o que encontrariam no mundo lá fora? Lá não havia ruas iluminadas por lanternas nem fontes garantidas, nem felicidades asseguradas. Apenas possibilidades: um mundo não moldado por pecados ocultos, onde a alegria poderia surgir sem preço além de trabalho árduo e compaixão.

Atrás deles, Omelas pulsava com luz e risos. À frente, as estrelas cintilavam em clareza fria. Alguns olhavam para trás uma última vez, contemplando a cidade que os nutrira mesmo enquanto exigia o impensável. Então, com passo firme, seguiram adiante.

Conclusão

Nos dias que se seguiram, as histórias de Omelas espalharam-se muito além de suas fronteiras: uma cidade de beleza e celebração, porém para sempre presa a um sofrimento oculto. Os que permaneceram afirmavam sentir-se mais sensatos por terem aceitado o acordo, crendo que a verdadeira alegria jamais poderia vir sem sacrifício. Os poucos que partiram carregavam outra narrativa — a de uma clareza moral e a busca por um novo tipo de felicidade. Seja Omelas eterna ou destinada a ruir, seu legado desafia cada viajante a refletir sobre o preço que está disposto a pagar pela paz. Alguns optarão pela felicidade atenuada pela culpa, outros seguirão o caminho incerto da integridade. Em cada coração, permanece a pergunta: podemos construir a perfeição sem lançar uma sombra?

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